O presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau, apelou hoje em carta aberta ao primeiro-ministro, António Costa, ao encerramento das escolas e alertou para um “quadro de holocausto” que se agrava naquela região.
“Em nome da Câmara de Faro e dos farenses, que nesta instância represento, tomo, então, a liberdade de lhe pedir, uma vez mais, que decida. Decida pelo valor sacramental que jurámos defender. Decida pela vida e pela segurança de todos. Decida pelo fecho das escolas. Decida por um confinamento mais categórico. Decida por todos nós”, pode ler-se na carta, assinada por Rogério Bacalhau (PSD) e enviada ao primeiro-ministro.
Segundo o autarca, nas escolas “há professores e pessoal não docente com medo” que “nem à vacina têm direito prioritário” e a pergunta surge nas salas de professores: “de que estamos à espera para meter toda esta gente em segurança?”, refere Rogério Bacalhau, argumentando que “só o Sr. primeiro-ministro tem a resposta”.
Manifestando-se “verdadeiramente inconformado” com a situação, o social-democrata frisa que as autarquias são “confrontadas diariamente com pedidos de ajuda, utilizam todas as ferramentas de que dispõem e diariamente tomam novas medidas, em função do que é comunicado após mais um conselho de ministros, mais uma reunião de especialistas, mais uma declaração à Nação. Mas falta algo, Sr. Primeiro-ministro. Falta meter todas estas pessoas em segurança. Falta uma decisão”, continua.
Rogério Bacalhau acrescenta que enquanto este “quadro de holocausto se agrava, é a própria economia das famílias e das empresas, em especial no comércio e turismo, que derroca de forma trágica”.
Sobre a saúde, o autarca sublinha que “os hospitais, por maior que seja o esforço e empenho dos seus profissionais, estão à beira da rutura”.
“As ambulâncias acumulam-se às portas das Urgências – situação que, como bem sabe, não é novidade no Algarve. Médicos, enfermeiros, auxiliares e demais pessoal hospitalar estão para lá do limite e sem força física ou anímica para dar a resposta necessária para que não morra ainda mais gente. Enquanto este drama se desenrola nos hospitais públicos, o privado mantém-se inexplicavelmente à margem do esforço – e bastava uma decisão de Vossa Excelência para que isto mudasse. Uma decisão”, repete.
E aponta ainda as dificuldades das Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas e casas de repouso onde “as equipas estão dizimadas” e o “desespero reina nas instituições e nas famílias dos utentes”.
“Além dos casos positivos dos funcionários, as quarentenas dos colegas desarticulam serviços inteiros, deixando os utentes sem apoio, muitos idosos, muitos enfermos, muitos deficientes; todos vulneráveis, ao vírus e a outros perigos. O caos é geral e a saúde pública incapaz de dar conta da avalanche”, atira.
O Governo vai decidir hoje, em Conselho de Ministros, o encerramento de todos os estabelecimentos de ensino, do Básico ao Superior, com efeitos a partir de sexta-feira, disse à agência fonte do executivo.
“A informação que o Governo recebeu na quarta-feira, após reunião com epidemiologistas, foi considerada muito relevante e determinante para a decisão, tendo em conta o crescimento da variante britânica do novo coronavírus em Portugal”, salientou a mesma fonte.
Com esta medida, o objetivo principal do Governo, “é isolar todo o sistema escolar”, já que, “não havendo aulas, evita-se que as pessoas sejam forçadas a sair de casa”.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.058.226 mortos resultantes de mais de 96,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 9.465 pessoas dos 581.605 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.