Fui obrigado a debruçar-me sobre os problemas da próstata quando escrevi o romance Um Escafandrista nas Nuvens (Âncora Editora, 2018), a história de um romancista especializado em romances para dar esperanças amorosas a pessoas entre os 60 e 90 anos. Foi-lhe diagnosticado um cancro na próstata, idealizei um final feliz, bati à porta de um eminente urologista José Santos Dias, parece que encontrámos a solução adequada. Para tanto, fui lendo o que era necessário ler sobre problemas da próstata: o disparo do PSA, a ecografia, o toque retal, o aparecimento de um nódulo, a descoberta do cancro; documentei-me sobre prostatites, disfunção erétil, retenção urinária, uretrites, hiperplasia benigna, tudo o que tinha a ver com esse órgão do tamanho de uma castanha, com o peso de 20 g, 3 cm de comprimento, 4 cm de largura e 2 cm de profundidade. Com o auxílio do eminente urologista forjou-se um cancro localizado (um tumor com células não muito agressivas) deu-se seguimento a um conjunto de preceitos como ressonância magnética e cintigrafia óssea, e recorreu-se a uma solução benigna: cirurgia, remoção da próstata, braquiterapia (uma espécie de radioterapia em que se coloca no interior da próstata os implantes radioativos destinados a destruir as células tumorais, seguindo-se uma radioterapia externa).
Não quero cansar mais o leitor com a cirurgia a que sujeitei o romancista de nome literário Gil Santiago, o fundamental foi que aprendi com o Dr. José Santos Dias, não há nada como privilegiar a prevenção já que o cancro da próstata é o tumor mais frequente no homem.
Li há tempos no jornal de Águeda uma entrevista com o Dr. Nuno Jorge Pereira, um aguedense especializado em Urologia Oncológica, com numerosas credenciais. Ele fala sobre os fatores de risco: idade (incremento do risco com o aumento da idade), raça (homens com descendência africana têm uma maior incidência que homens caucasianos) e hereditariedade. Recomenda-se que o rastreio seja efetuado aos 40 anos em homens com antecedentes familiares e a partir dos 50 anos para a população em geral. O rastreio pode ser incluído nas consultas de rotina anuais.
O rastreio é opcional, deve-se desmistificar o preconceito da examinação transrectal, este toque fornece informações importantes relacionados com a consistência, textura, limites e dimensão da próstata e pode evidenciar alterações não detetadas pelo doseamento do PSA ou pela ecografia. É um cancro insidioso, nas fazes mais precoces pode não existir qualquer sinal ou sintoma daí o fundamental do rastreio. O diagnóstico atempado de cancro da próstata é muito importante, pois permite, quando necessário a adoção de tratamentos menos invasivos, com menos efeitos secundários, menos impacto na qualidade de vida, maiores hipóteses de cura da doença. E há os sintomas mais habituais de que algo pode não estar bem ao nível da próstata: sangue na urina ou na ejaculação, disfunção erétil e sintomas miccionais, dificuldade em urinar, jato miccional com redução do calibre, várias micções noturnas, vontade súbita de urinar, entre outros.
O Dr. Nuno Pereira insiste: “A aplicação de rastreios permite à comunidade médica identificar doenças numa fase precoce ou inicial com o objetivo de melhorar o prognóstico da mesma.” Em Portugal, estima-se que cerca de 6.600 homens sejam diagnosticados anualmente com cancro da próstata. E conclui o especialista: “Uma população mais envelhecida terá maior prevalência de cancro da próstata. Mas é importante referir que atualmente o diagnóstico.