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Olhares sobre o Património Cultural do Algarve

DIÁLOGOS (IN)ESPERADOS: Artigo de Maria Luísa Francisco publicado no Caderno de Artes Cultura.Sul de janeiro

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11:00 14 Janeiro, 2022 11:28 16 Janeiro, 2022 | POSTAL
Maria Luísa Francisco* 

O primeiro convite para colaborar neste jornal surgiu há 10 anos, primeiro na rubrica “Patrimónios” onde partilhei o resultado de algumas das minhas investigações na área do Património Cultural Imaterial (PCI). 

Depois a colaboração passou para o género “crónica” e a rubrica passou a intitular-se “Marca d’Água”. 

Neste novo ano a rubrica passará a intitular-se “Diálogos (in)esperados” e será o resultado de conversas que, espontâneas ou agendadas, terão o Algarve como pano de fundo. Região onde este jornal é editado e à qual as duas partes do diálogo têm ligação. 

A primeira edição destes “Diálogos (in)esperados” resulta de uma conversa que decorreu através do Zoom com o ensaísta e professor universitário Guilherme d’Oliveira Martins, que é actualmente administrador executivo da Fundação Calouste Gulbenkian e que sempre tem dado especial atenção ao Algarve. 

Foi presidente do Centro Nacional de Cultura (2002–2016), coordenou em Portugal o Ano Europeu do Património Cultural (2018) e presidiu no Conselho da Europa à redacção da Convenção de Faro sobre o valor do Património Cultural na Sociedade Contemporânea (2005). 

Foi deputado independente à Assembleia da República durante sete legislaturas, Secretário de Estado da Administração Educativa (1995–1999), Ministro da Educação (1999–2000), Ministro da Presidência e das Finanças (2000–2001) e Presidente do Tribunal de Contas (2006–2015). 

A grande riqueza do Algarve em termos de Património Cultural Material e Imaterial foi o mote da conversa, que nos levou até à Convenção de Faro, uma vez que se trata de um relevante documento que relaciona o Património Cultural Material e Imaterial, a Paisagem, o Património Digital e a Criação Contemporânea. 

O texto da Convenção apresenta o património cultural como um recurso importante para o desenvolvimento humano, para a valorização da diversidade cultural e a promoção do diálogo intercultural mediante um modelo de desenvolvimento económico fundado no princípio de utilização sustentável dos recursos. 

Falámos de um outro Algarve rico em tradições, usos e costumes e dos saberes das pessoas idosas da serra. Agostinho da Silva foi recordado por defender a troca de saberes, intimamente ligada ao processo de aprendizagem, independentemente dos graus de escolaridade. 

“O que distingue um país rico de um país pobre é a aprendizagem e o mesmo também se aplica no caso de uma região pobre e uma região rica”. 

A importância do aprender e o papel das mulheres na aprendizagem é um tema local e universal, aliás, está expresso na Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades básicas de aprendizagem, que foi assinada em Jomtien, na Tailândia, em 1990. 

“O filho de uma mulher alfabetizada raramente é analfabeto. Alfabetizar as mulheres é garantir a alfabetização das gerações futuras”. Aqui o meu interlocutor referiu os algarvios Maria Aliete Galhoz e José Ruivinho Brazão que, nas suas pesquisas, valorizam os saberes das mulheres analfabetas e os seus processos de aprendizagem e, por sua vez, a transmissão desses saberes. 

Referiu ainda a escritora Lídia Jorge que plasmou esses saberes e tradições na literatura, salientando O Dia dos Prodígios. 

Falámos dos projectos da Gulbenkian, um dos quais coordenei na serra algarvia e de como essa experiência me permitiu conhecer ainda melhor a realidade da serra, fazendo recolha de saberes, tradições e cuidando, com gestos e palavras de apoio e conforto, dos mais isolados e desfavorecidos. 

Referiu o administrador executivo da Fundação Calouste Gulbenkian que esta foi e é uma função biunívoca em que ao ajudar se aprende e ao aprender se ajuda. 

Interagir, incentivar à partilha, valorizar os saberes contribui para a melhoria da auto-estima de uma população, por vezes chamada de analfabeta, e que tem tanto para contar. 

Cada vez que um destes idosos morre ficamos mais pobres, principalmente se não se fizer recolha desses saberes, usos e tradições. 

Graças ao telemóvel foi possível captar som e imagens que fazem parte de um imaginário telúrico, mas que ainda é tão real. São lendas, mezinhas, orações e cantigas de uma ancestralidade que já não pensava encontrar, aliás é um património intangível em vias de extinção. Felizmente ficará em arquivo digital. 

Que a Fundação Calouste Gulbenkian continue com a missão de contribuir para a preservação da memória e manutenção do Património Cultural Imaterial. 

* A autora não escreve segundo o acordo ortográfico

* Investigadora na área da Sociologia; 
Faculdade de Ciências Sociais 
e Humanas da Universidade Nova de Lisboa 
[email protected] 

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