Em plena era digital, o acesso rápido a serviços de saúde tornou-se uma necessidade vital. No entanto, quando as linhas de apoio, como é caso da linha SNS 24, não conseguem responder à procura, a confiança no sistema começa a vacilar e as consequências podem ser sérias, sobretudo em períodos de maior pressão como o inverno, mas há alguns procedimentos a tomar para ser atendido mais rápido.
A linha SNS 24 atravessa um dos momentos mais críticos da sua história. Entre janeiro e setembro deste ano, cerca de 1,457 milhões de chamadas ficaram sem resposta. No mesmo período do ano anterior, o número tinha sido de apenas 140 mil, o que revela um aumento abrupto e preocupante na incapacidade de resposta.
Os dados, avançados pelo jornal Observador com base na atividade operacional do serviço, mostram que os meses mais problemáticos foram janeiro e agosto, coincidindo com os picos de procura típicos do inverno e do verão. Só em janeiro foram registadas cerca de 811 mil chamadas, um recorde absoluto desde a criação da linha.
Picos de procura e tempo de espera crítico
Em agosto, o cenário voltou a agravar-se: mais de 208 mil chamadas ficaram por atender e apenas 65% das ligações recebidas foram efetivamente atendidas. O tempo médio de espera, por sua vez, atingiu os 40 minutos, um intervalo que pode ser decisivo para quem precisa de aconselhamento clínico urgente.
Como pode reduzir o tempo de espera?
Para quem procura reduzir esse tempo de espera, há estratégias que podem fazer diferença. Evitar as manhãs de segunda-feira, a hora de almoço e o início da noite é uma delas, já que são os momentos de maior congestionamento.
As chamadas feitas a meio da manhã, a meio da tarde ou depois das 22h tendem a ser atendidas mais rapidamente. É também importante, de acordo com o próprio SNS, preparar previamente as informações necessárias, como o número de utente, idade, medicação habitual e evolução dos sintomas, para que o atendimento decorra com maior fluidez.
Quando a situação é ligeira, recorrer à aplicação ou ao portal SNS 24 pode ser uma alternativa eficaz, já que permite fazer autotriagem, obter orientação escrita e, nalguns casos, até agendar teleconsultas. Para assuntos administrativos, como renovação de receitas ou alteração do médico de família, contactar diretamente a unidade de saúde através do telefone, e-mail ou da Área do Cidadão é normalmente mais rápido.
Situações moderadas e casos de urgência
Se, mesmo assim, não conseguir atendimento e a situação for moderada, muitas farmácias estão preparadas para dar apoio inicial e encaminhar para o serviço adequado. Em casos de urgência ou agravamento súbito, deve sempre ligar 112.
Falta de profissionais e sobrecarga do sistema
A escassez de profissionais é apontada como uma das principais causas para o colapso do atendimento. Paralelamente, o aumento das chamadas de triagem relacionadas com idas às urgências hospitalares sobrecarregou ainda mais a linha, que não reforçou nem os recursos humanos nem a capacidade técnica necessária para responder a este acréscimo, refere a fonte anteriormente citada.
O SNS 24 continua a desempenhar um papel essencial no apoio aos cidadãos, mas a estrutura atual mostra sinais evidentes de saturação. Sem reforço de equipas, a situação poderá agravar-se com a chegada do inverno, período tradicionalmente marcado por surtos de gripe e outras infeções respiratórias.
Um inverno que pode ser caótico
Um estudo citado pelo Observador alerta para a possibilidade de cerca de um milhão de chamadas ficarem por atender nos próximos meses se nada for feito.
Especialistas citados pela mesma fonte consideram que a falta de resposta atempada pode empurrar ainda mais pessoas para as urgências hospitalares, gerando um efeito em cadeia que compromete todo o sistema de saúde.
Urgência de medidas
Com o país a aproximar-se do inverno e a linha SNS 24 a operar no limite, a urgência de medidas estruturais torna-se evidente. Reforçar o número de profissionais, modernizar a infraestrutura tecnológica e otimizar os fluxos de atendimento são passos indispensáveis para evitar que 2025 se transforme no ano em que o principal canal de acesso ao SNS ficou em silêncio perante quem mais precisava de ajuda.
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