Certamente conhece vários apelidos, entre Silva, Gonçalves, Santos e outros, mas já ouviu falar de Purificação ou Miséria? Em Portugal, os apelidos são diversos e, por vezes, surpreendentes. Alguns são partilhados por centenas de milhares de pessoas, enquanto outros pertencem a um único indivíduo.
Os apelido mais comuns
Segundo a ZAP, o apelido Silva é o mais comum no país, estando presente no nome de mais de 800 mil portugueses. Pode parecer uma percentagem reduzida, cerca de 8% da população, mas torna-se impressionante quando se pensa no número absoluto de pessoas com esse apelido.
Além dos Silvas, também há muitos Santos. Este apelido ocupa o segundo lugar da lista, com quase meio milhão de registos. Curiosamente, muitos Silvas têm o sobrenome Santos como complemento, sendo frequente encontrar combinações como Silva Santos ou Santos Silva.
A popularidade não se fica por aqui. Ferreira e Pereira também são muito comuns, com mais de 400 mil pessoas a partilhá-los. De seguida, surgem os apelidos Costa, Oliveira, Rodrigues, Fernandes, Sousa e Martins, todos com mais de 250 mil registos.
Distribuição de apelidos de norte a sul e ilhas
A distribuição dos apelidos não é uniforme em todo o território nacional. O investigador Francisco Queiroz explica que “se procurássemos o apelido Costa no país todo, iríamos encontrar uma geografia um pouco diferenciada, ou seja, Costa é mais comum no norte do país do que no sul”.
Certos apelidos refletem a geografia do país. Existem portugueses com os sobrenomes Lisboa, Porto, Braga, Chaves ou Guimarães. Estes apelidos, segundo os especialistas, surgiram muitas vezes devido a migrações, identificando pessoas que se mudaram para outras regiões.
Nos Açores, essa tendência verifica-se de forma particular. Na ilha Terceira, por exemplo, há muitos habitantes com o apelido Barcelos, algo pouco comum no continente. Isto demonstra como os movimentos populacionais influenciam a forma como os apelidos se disseminam.
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A origem dos apelidos
O apelido Silva, apesar de ser considerado tipicamente português, tem origens muito mais antigas. A sua raiz remonta ao Império Romano, onde a palavra “silva” significava “selva”. Ao longo dos séculos, o nome ganhou destaque e passou a estar associado a uma das famílias mais nobres do reino de Leão.
Além disso, a disseminação do apelido Silva deve-se, em parte, aos Descobrimentos. Durante essa época, muitas pessoas começaram a adotar este nome quando se mudavam para outros países, tentando reconstruir a sua identidade e cortar laços com o passado.
Os Santos também têm uma longa história. Segundo os registos, este é um dos apelidos mais antigos da Península Ibérica, tendo já sido usado durante a Idade Média. Assim, não surpreende que continue a ser tão comum nos dias de hoje.
Apelidos raros e curiosos
De forma curiosa, há também apelidos extremamente raros, registados apenas por uma única pessoa. Entre estes encontram-se nomes invulgares como Alparqueiro, Bonsembiante, Gracaribeiro, Marruso, Picalho, Ricaldes, Sardoeiro, Tripinhas, Vernamonte e Zidorinho.
A formação dos apelidos
As regras para a atribuição de apelidos nem sempre foram as mesmas. Atualmente, segundo o Instituto dos Registos e do Notariado, “os apelidos estabelecem a ligação à família a que a criança pertence”. Podem ser escolhidos entre os apelidos dos pais ou, em certos casos, de antepassados como avós ou bisavós.
No passado, a formação dos apelidos era menos rígida. Muitas pessoas eram identificadas pelo nome próprio seguido de um patronímico, indicando o nome do pai. Por exemplo, alguém chamado João Rodrigues seria, quase certamente, filho de um Rodrigo.
Houve também apelidos que surgiram a partir de características físicas ou traços peculiares de uma pessoa. Assim, apelidos como Lindo ou Feio podem ter sido atribuídos com base na aparência de um antepassado, deixando um registo curioso na história das famílias.
A diversidade de apelidos em Portugal reflete não só a história do país, mas também a mobilidade das pessoas ao longo dos séculos. Entre os mais comuns e os mais raros, cada nome tem uma história para contar e um passado que merece ser explorado.
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