O atual cenário de turismo intensivo num conhecido arquipélago espanhol tem sido alvo de críticas crescentes por parte dos residentes. Muitos consideram que este modelo, num dos principais destinos turísticos europeus, está a ultrapassar os limites da sustentabilidade, tanto ao nível ambiental como social e económico, uma visão que contrasta com a opinião de muitos turistas britânicos, habituais visitantes da região.
Milhares saem à rua em protesto simultâneo
No passado dia 18 de maio, realizaram-se manifestações em várias ilhas da região, sob o lema “Canárias têm um limite”. Os protestos ocorreram de forma coordenada e reuniram milhares de pessoas que apelam a mudanças profundas no setor turístico.
Temor de colapso leva a mobilização
Os organizadores das marchas alertam que, caso a situação se mantenha, o arquipélago corre sérios riscos de colapso. A escassez de habitação acessível, a degradação ambiental e a massificação dos espaços públicos estão entre as principais preocupações.
Eco mediático chega ao Reino Unido
O descontentamento tem vindo a chamar a atenção da imprensa internacional. Vários meios britânicos deram destaque à contestação popular, publicando reações de turistas habituais que manifestaram surpresa e até indignação face aos protestos.
“Sem turismo, a ilha não tem nada”
Dave Dott, de 60 anos, citado pelo AS, afirmou ao jornal MailOnline: “Esta ilha vai afundar-se se os manifestantes vencerem. Sem turismo, a ilha não tem nada”. O britânico diz visitar o local há décadas e não tem intenção de mudar de destino.
Para Dott, os protestos são protagonizados por uma minoria ruidosa, alheia à importância do setor dos serviços. “Acho que é uma minoria pequena mas ruidosa, a que obviamente não se importa com o setor dos serviços, que seria enormemente afetado”, declarou aos meios de comunicação britânicos.
Casal britânico pondera mudar de destino
Olwyn e Dave Hughes, ambos com 71 anos, partilham da mesma preocupação. O casal de britânicos revelou que, caso o clima de hostilidade se mantenha, consideram trocar o arquipélago por outro destino turístico europeu com características semelhantes, neste caso a Grécia, segundo aponta a mesma fonte.
Dave Hughes comparou a situação à que se vive em Cornwall, onde o mercado imobiliário foi fortemente afetado por segundas residências. “Se não nos sentirmos bem-vindos, vamos para as ilhas gregas”, avisou, manifestando desagrado com a mensagem “turistas vão-se embora”.
Recomendamos: Fica em Espanha a estação de comboios mais mal localizada do mundo e também uma das menos consensuais
Grande adesão nas ruas
Em algumas ilhas, os protestos atingiram números expressivos. Só numa delas juntaram-se cerca de 15.000 manifestantes. Noutras, os números variaram entre os 2.000 e os 5.000 participantes, segundo fontes locais.
Críticas ao alojamento local turístico
Uma das críticas mais apontadas prende-se com o crescimento de plataformas de arrendamento turístico, como o Airbnb. Esta situação tem levado a um aumento generalizado nos preços das casas e à redução da oferta para quem procura habitação permanente.
Durante os protestos, Rubén Pérez, porta-voz do movimento Salvar La Tejita, pediu a suspensão imediata de construções em zonas sensíveis. “Estão a destruir lugares como El Médano e o Puertito de Adeje”, afirmou em tom de denúncia, citado pelo AS.
População local em desvantagem
De acordo com os manifestantes, os residentes enfrentam cada vez mais dificuldades para viver nas suas próprias terras, enquanto os imóveis são convertidos em alojamento temporário para turistas, em grande parte britânicos, criando uma crise habitacional sem precedentes.
Turismo divide opiniões
Este fenómeno está a criar um fosso entre os que defendem o turismo como motor económico essencial e os que pedem regras mais apertadas para proteger os recursos e a qualidade de vida da população local.
À medida que os protestos ganham força e visibilidade internacional, cresce a pressão para encontrar um equilíbrio entre a atividade turística e o bem-estar das comunidades que acolhem milhões de visitantes por ano.
Leia também: Adeus carta de condução? Conheça a idade máxima para continuar a conduzir