A TAP de Pedro Nuno Santos (PNS) é a menina dos olhos da esquerda. Uma bandeira da esquerda, que começou na geringonça e que agora está centrada no Governo do Partido Socialista. Seria bom regressarmos às eleições de 2015. Apesar de ter perdido as eleições, António Costa foi designado Primeiro-Ministro de Portugal e assumiu o compromisso de construir o Hospital Central do Algarve, de acabar com as portagens na A22 e retomar os trabalhos de requalificação da A22. Para além destas promessas mais regionais, a verdadeira bandeira, que constituiria, de resto, uma exigência dos partidos da geringonça (PCP e Bloco de Esquerda) era a nacionalização da TAP. Foi quase que até criado um clichet do tipo “se és de esquerda defende a nacionalização da TAP”. À esquerda estão a ver?
Defender esse desígnio era como daquelas coisas quando em miúdos íamos ao cais do Guadiana e os miúdos desafiavam-se para ver quem era o verdadeiramente corajoso para se atirar de tão grande altura ao Rio. Quem se atirava eram sempre os mais bravos, aqueles cuja audácia era inquestionável, aqueles que superavam todas as provas de bravura. Para o PS (e para a geringonça), conseguir resgatar a TAP aos privados só seria possível com um bravo, um corajoso, um inquestionável guerreiro da esquerda. Um daqueles cujas convicções de esquerda fossem inquestionáveis.
“Portugal tem hoje uma incidência fiscal verdadeiramente colossal e uma das razões para essa circunstância é o financiamento da nacionalização da TAP“
Jamais poderia ser daqueles socialistas mais ao centro que reconhecessem a importância das empresas na economia. PNS, como dizem os brasileiros, era o “cara”! E assim se nacionalizou a TAP. Portugal tem hoje uma incidência fiscal verdadeiramente colossal e uma das razões para essa circunstância é o financiamento da nacionalização da TAP. A questão que se coloca é a de saber se valeu a pena. Se a audácia, se a coragem, se as medidas implementadas pelo verdadeiro “menino guerreiro”, e pelos vistos birrento, do PS tiveram o alcance esperado.
Por estes dias tive a oportunidade de fazer o voo Toronto-Lisboa. Para meu espanto, perante a incredulidade de centenas de passageiros, foi anunciado que o voo estaria atrasado pela circunstância de a tripulação estar retida, imagine-se, no trânsito de Toronto. Como se todos nós, que também ali estávamos, não tivéssemos ido pelo mesmo meio de transporte. Como se, para não chegar atrasados, não tivéssemos planeado as nossas vidas para estar a horas no aeroporto! Mas reparei que o avião (A340-300) não era da TAP, mas de outra companhia que se denomina por Hi-Fly(!). Quem sabia do tema explicou-me que a TAP por falta de pessoas e de meios, e porque não queria pagar devidamente horas extras aos trabalhadores, tinha um conjunto de aeronaves paradas por falta de manutenção. É bom recordar que há uns anos os serviços de manutenção da TAP até prestavam apoio a outras companhias. E dizia um trabalhador da companhia: “até isso se perdeu”. E continuou “não contratam pessoas e depois fazem-nos propostas para pagarem horas extras miseravelmente. Não pagam aos trabalhadores, da forma merecida, e depois fretam aviões como estes, com aproximadamente 25 anos, que gastam 4 vezes mais que a atual frota da TAP, e consequentemente custam uma fortuna ao Estado”.
Meus caros leitores, está tudo dito! Eis a TAP que faz Pedro Nuno Santos navegar na maionese. A TAP que alimentamos com os nossos impostos. Valeu a pena?