Os salários de agosto e setembro surpreenderam muitos trabalhadores com valores mais altos do que o habitual. Em outubro, o cenário mudou e o salário será mais ‘magro’, e há uma explicação simples: os retroativos das novas tabelas do IRS deixaram de ser aplicados.
Durante o verão, os rendimentos mensais refletiram não apenas a descida das taxas de retenção, mas também a correção dos meses anteriores. Agora que esse acerto terminou, os valores voltam à normalidade, ainda que com um ligeiro alívio face ao início do ano.
Retroativos explicam a diferença
As novas tabelas do IRS, em vigor desde agosto, reduziram as taxas em quase todos os escalões. Essa atualização trouxe ganhos mensais diretos, mas também o pagamento retroativo referente aos meses anteriores, o que fez aumentar significativamente o salário líquido de agosto e setembro.
Com o fim desse efeito, o salário de outubro já não traz a mesma folga. Ainda assim, as novas taxas continuam mais baixas do que as antigas, o que significa que os trabalhadores mantêm algum ganho mensal face a 2024.
O que muda nas taxas do IRS
A atualização do Governo reduziu ligeiramente as taxas em quase todos os escalões. O primeiro desceu de 13% para 12,5%; o segundo passou de 16,5% para 16%; o terceiro baixou de 22% para 21,5%; o quarto desceu para 24,4%; o quinto para 31,4%; o sexto para 34,9%; o sétimo para 43,1% e o oitavo para 44,6%. A taxa máxima, aplicável aos rendimentos mais elevados, mantém-se nos 48%, sem alterações.
Todos beneficiam, ainda que em graus diferentes
Mesmo sem mudanças no último escalão, a descida nos patamares anteriores permite que todos os contribuintes paguem menos IRS, devido ao princípio da progressividade. Isto significa que os efeitos positivos sentem-se em todo o espectro de rendimentos.
O Ministério das Finanças assegura que “os contribuintes continuarão a ter mais rendimento disponível”, mesmo sem o impacto extraordinário dos retroativos.
Quanto se poupa, afinal?
As simulações do Governo apontam para poupanças modestas, mas consistentes, ao longo do ano. Um casal com dois filhos, em que ambos ganham 1.500 euros, deverá pagar menos 165 euros em IRS face ao valor previsto no Orçamento de 2025.
Já um casal sem filhos verá a diferença variar entre 67 euros e 414 euros anuais, consoante os salários.
Trabalhadores solteiros e pensionistas também beneficiam
No caso de um trabalhador solteiro e sem filhos, com salário de 1.000 euros, a poupança média é de 34 euros por ano, segundo cálculos da PwC.
Entre os pensionistas, as reduções também se fazem sentir. Quem recebe até 1.000 euros poupa cerca de 34 euros anuais; quem aufere 1.500 euros, 83 euros; e quem tem pensões de 2.500 euros ou mais pode poupar até 208 euros por ano.
Um alívio pequeno, mas bem-vindo
Embora os montantes não sejam elevados, o impacto é positivo para a maioria dos contribuintes. Em tempos de inflação e aumento do custo de vida, qualquer redução na carga fiscal representa algum fôlego para as famílias.
De acordo com o Notícias ao Minuto, economistas ouvidos pela imprensa especializada sublinham que estas descidas não compensam totalmente a perda de poder de compra, mas reconhecem que a medida é um passo no sentido certo.
Governo promete manter descida gradual
O Executivo garante que esta política de redução progressiva do IRS continuará nos próximos anos, “de forma equilibrada e sustentável”. Fontes do Ministério das Finanças explicam que o objetivo é “aliviar a classe média sem comprometer as metas orçamentais”, apostando em ajustes graduais que acompanhem a evolução económica.
Impacto continuará a sentir-se até final do ano
Com a aplicação das novas taxas, o IRS retido mensalmente é inferior, o que se refletirá na liquidação final do imposto em 2026. Ou seja, quem teve este alívio mensal terá menos reembolso no próximo ano, já que pagou menos ao longo de 2025.
Ainda assim, a maioria dos contribuintes prefere ver esse ganho “em tempo real”, em vez de esperar pela devolução anual.
















