O extremo Hélio Varela ‘resgatou’ este sábado um ponto para o Portimonense nos descontos da receção (2-2) ao Rio Ave, da 33.ª e penúltima jornada da I Liga de futebol, e deixou os algarvios ainda a sonharem com a manutenção.
Com este empate, o Portimonense, que termina o campeonato em casa do rival Farense, permanece no 16.º e antepenúltimo posto, que disputa o play-off com o terceiro classificado da II Liga, com 29 pontos, a um do Estrela da Amadora, que hoje perdeu em Vizela (4-0) e recebe na última ronda o Gil Vicente, que tal como o Estoril Praia ficou este sábado com a permanência assegurada, com vantagem no confronto direto com os algarvios (3-0 e 1-1).
Os golos de Amine, aos 21 minutos, e Pantalon, aos 83, colocaram os vila-condenses em vantagem duas vezes, ambas anuladas pelos tentos de Carlinhos, aos 63, e Hélio Varela, aos 90+7.
A equipa de Portimão não aproveitou o ‘presente’ do já despromovido Vizela, que hoje goleou 4-0 o Estrela da Amadora, e continua no 16.º lugar, que obriga a disputar play-off de manutenção, com 29 pontos, a um dos ‘tricolores’ e a dois do Boavista (menos um jogo).
O Rio Ave, já tranquilo a meio da tabela, segue agora numa sequência 11 jogos sem perder (nove empates e duas vitórias), sendo mesmo o ‘rei’ dos empates no campeonato (18).
Antes do início da partida, o Portimonense homenageou o seu ex-jogador e treinador António Pacheco, falecido em março, e distinguiu o técnico Paulo Sérgio pelos 150 jogos no comando técnico, cumpridos em janeiro – fez hoje o 164.º.
A formação algarvia apresentou três novidades face à derrota (3-0) na visita ao Sporting, todas no setor defensivo (Guga, Relvas e Gonçalo Costa), e os vila-condenses também mudaram três peças em relação ao triunfo (2-1) sobre o Vitória de Guimarães, entrando no ‘onze’ Amine, Vítor Gomes e Fábio Ronaldo.
Impelido pela urgência de pontuar, o conjunto ‘alvinegro’, em ‘4-3-3’, começou com alguma dinâmica e teve mais iniciativa nos primeiros minutos, principalmente pelas investidas ameaçadoras pela esquerda, fomentadas pela parceria entre Gonçalo Costa e o sempre ativo Hélio Varela.
Contudo, foi o Rio Ave, no habitual ‘3-4-3’, a abrir o marcador, aos 21 minutos: o médio marroquino Amine, na estreia a marcar na Liga, rematou com sucesso no ‘coração’ da área, após assistência de Costinha, num lance inicialmente invalidado por fora de jogo que o videoárbitro corrigiu.
Com o Portimonense a jogar ‘sobre brasas’, afetado pela desvantagem e cedendo muitos espaços no último terço, os forasteiros estiveram perto do 2-0, impedido pelo guarda-redes japonês Nakamura, que evitou os remates perigosos de Aderllan Santos (39 minutos) e Boateng (42).
No reatamento, já com o ponta de lança equatoriano Ronie Carrillo em campo, o Portimonense começou a empurrar o Rio Ave para o seu último terço e conseguiu o golo da igualdade aos 63 minutos, num cabeceamento de Carlinhos, após cruzamento de Lucas Ventura.
Os forasteiros ‘despertaram’ por poucos minutos, criando algum perigo, mas o conjunto algarvio voltou a ‘apertar’ o adversário, sem expressar esse claro domínio em aproximações com perigo à baliza de Jhonatan.
De bola parada, o Rio Ave mostrou-se eficaz e ganhou vantagem decisiva na partida aos 83 minutos, com Hélder Sá a assinar um livre a meio-campo e o central Pantalon a cabecear para o seu primeiro golo no campeonato.
Já nos descontos, no assédio final do Portimonense, o médio brasileiro Davis esteve perto do 2-2, que Jhonatan evitou com uma grande defesa, e o empate chegou mesmo aos 90+7, por Hélio Varela, que aproveitou um erro de Costinha para se isolar e ‘selar’ um resultado que beneficiou terceiros, com Gil Vicente e Estoril Praia a assegurarem mais uma época na elite.
Para os algarvios deixarem o 16.º posto, será obrigatório vencer no terreno do Farense no dérbi da 34.ª e derradeira ronda, além de terem de ‘torcer’ para que pelo menos o Gil Vicente ‘roube’ pontos ao Estrela, na Amadora.
Declarações após o jogo Portimonense-Rio Ave
– Paulo Sérgio (treinador do Portimonense): “[O golo do 2-2 no fim] Sabe a pouco na mesma. Infelizmente, é um jogo que espelha um pouco o que tem sido a nossa época. Fizemos um jogo muito competente, mas concedemos golos de forma muito facilitada e, nesta competição, isso paga-se caro.
Sabíamos que íamos ter uma tarefa difícil, mas entregámo-nos de corpo e alma, procurámos pressionar altíssimo. No primeiro tempo, até ao golo do Rio Ave, temos quatro, cinco aproximações muito boas em que não fazemos golo e o Rio Ave foi lá e faz golo numa bola que podíamos ter tirado duas ou três vezes, toda a gente falhou a bola, e cedemos assim a vantagem ao adversário, que fica confortável.
Reunimos forças, energias e ideias ao intervalo e acho que fizemos uma segunda parte em que merecíamos tudo menos tomar um golo numa falta quase de meio-campo e horrivelmente defendida.
Os jogadores encararam o jogo com muita alma e atitude e, portanto, só tenho de lhes tirar o chapéu. Só não os elogio mais porque voltámos a cometer dois erros infantis, na forma como cedemos os golos ao Rio Ave. Tirando isso, a equipa fez um jogo de grande nível contra um adversário bastante bom”.
– Luís Freire (treinador do Rio Ave): “Uma primeira parte em que tentámos construir bem o jogo e tivemos a paciência necessária para quebrar bem a pressão do Portimonense e ter mais bola. Tivemos algumas jogadas boas, fizemos um golo e podíamos ter feito o segundo pelo Boateng.
Acaba por ser uma primeira parte disputada de parte a parte, equilibrada, mas com ascendente da nossa parte na questão de estarmos bem com bola. Muito mérito dos jogadores, que, com calor intenso, ativaram o ‘chip’ competitivo para jogar num campo difícil com uma equipa que precisava muito de pontos.
Na segunda parte, o Portimonense acaba por subir um bocado as linhas e nós pagámos muito – também mas não só, há mérito do Portimonense – as muitas ausências que tivemos hoje e as adaptações que tivemos de fazer.
Houve muita gente a sacrificar-se em campo, foi-se notando que perdemos frescura e clarividência. Há mérito do Portimonense, pela pressão que fez e pelo caudal [ofensivo] a jogar em casa, mas nós fomos ao limite. É pena não termos somado os três pontos, porque era uma forma de conseguirmos acabar ainda melhor a época.
Mas fica também mais um jogo sem derrotas e a atitude dos jogadores, que, dentro de todas as limitações, compensaram-se muito bem. Quem jogou de início esteve bem e quando não tivemos mais pernas tivemos de ir ao coração, ao sacrifício e ao profissionalismo”.
Jogo disputado no Estádio Municipal de Portimão
Portimonense – Rio Ave, 2-2
Ao intervalo: 0-1
Marcadores:
0-1, Amine, 21 minutos.
1-1, Carlinhos, 63.
1-2, Pantalon, 83.
2-2, Hélio Varela, 90+7.
Equipas:
– Portimonense: Nakamura, Guga, Pedrão, Filipe Relvas, Gonçalo Costa (Ronie Carrillo, 46), Lucas Ventura (Davis, 90), Taichi Fukui, Carlinhos (Paulo Estrela, 90), Luan Campos (Seck, 58), Hélio Varela e Hildeberto Pereira (Midana Cassamá, 70).
(Suplentes: Vinicius Silvestre, Dener, Seck, Davis, Ronie Carrillo, Paulo Estrela, Kim, Alcobia e Midana Cassamá).
Treinador: Paulo Sérgio.
– Rio Ave: Jhonatan, Pantalon, Aderllan Santos, Patrick William (Hélder Sá, 82), Costinha, Vítor Gomes (Miguel Nóbrega, 56), Amine (Adrien Silva, 82), Úmaro Embaló (Vrousai, 46), Joca, Fábio Ronaldo (Zé Manuel, 64) e Boateng.
(Suplentes: Miszta, Miguel Nóbrega, Adrien Silva, Ukra, Devenish, Vrousai, Hélder Sá, Rehmi e Zé Manuel).
Treinador: Luís Freire.
Árbitro: João Pinheiro (AF Braga).
Ação disciplinar: cartão amarelo para Carlinhos (82), Zé Manuel (89), Davis (90+3), Paulo Estrela (90+5) e Boateng (90+8).
Assistência: 2.528 espetadores.
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