Encontrar uma criança, um animal ou uma pessoa inconsciente trancada dentro de um carro é uma situação que pode gerar pânico. Nos dias de calor extremo, bastam alguns minutos para o interior do veículo atingir temperaturas fatais. A dúvida surge então: será legal partir o vidro para salvar alguém?
De acordo com o Pplware, site especializado em tecnologia, a resposta depende do grau de perigo em causa.
A lei portuguesa admite que uma pessoa intervenha e cause danos materiais, como partir um vidro, se o objetivo for evitar um mal muito maior, nomeadamente a perda de uma vida. No entanto, essa ação só é justificável quando não há alternativas viáveis e o risco é real e imediato.
Quando é justificável agir?
A intervenção direta apenas se justifica em situações de perigo iminente, explica o site. Exemplos incluem um bebé fechado dentro de um carro num dia de calor intenso, uma pessoa inconsciente que não responde, risco de incêndio ou um animal em sofrimento evidente.
Nestes casos, o tempo é determinante: esperar pela chegada de ajuda pode fazer a diferença entre a vida e a morte.
Ainda assim, o Pplware lembra que a prioridade deve ser sempre contactar o 112 e aguardar instruções. Se houver meios de abrir o carro sem o danificar, como pedir ajuda às autoridades ou ao proprietário, deve optar-se por essa via.
O que diz o Código Penal?
A base legal que permite esta ação está prevista no artigo 34.º do Código Penal, relativo ao “estado de necessidade”. Este artigo estabelece que não é ilícito o ato praticado como meio adequado para afastar um perigo atual que ameace a vida, a integridade física, a liberdade ou outros bens de valor consideravelmente superior.
Segundo a mesma fonte, a exceção só é válida se o perigo não tiver sido provocado pelo próprio agente e se não for razoável exigir-lhe outro comportamento.
Caso contrário, quem partir o vidro sem justificação adequada pode estar a cometer o crime de dano, previsto no artigo 212.º do mesmo código, punível com multa ou prisão até três anos.
Como proceder corretamente
Antes de agir, é fundamental ligar para o 112 e relatar a situação. De acordo com a publicação, é aconselhável documentar tudo o que está a acontecer: tirar fotografias do interior do carro, gravar vídeos e recolher testemunhos de quem presenciou o incidente. Estes registos podem ser essenciais para provar que a ação foi feita por necessidade e não por impulso.
Quando as autoridades chegarem ao local, deve ser feita uma declaração explicando o motivo da intervenção. Esse relato ajuda a confirmar que a quebra do vidro teve como objetivo salvar uma vida e não causar prejuízo injustificado.
Segundo o Pplware, o mais importante é avaliar rapidamente o contexto: se o perigo for claro e imediato, agir pode ser não apenas legítimo, mas essencial. Contudo, se houver dúvida ou tempo para esperar ajuda especializada, o melhor é preservar a calma e seguir o procedimento legal.
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