Em todos os Estados-Membros da União Europeia (UE), o uso do cinto de segurança é obrigatório desde 1991, ano em que entrou em vigor a Diretiva 91/671/CEE. A Diretiva 2003/20/CE veio, mais tarde, alargar essa obrigação aos bancos traseiros e harmonizar as isenções que ainda existiam. Existe, contudo, uma exceção: há uma estrada na Europa que contraria a regra e onde, por razões muito específicas, é proibido usar cinto. Trata-se da única via pública conhecida no mundo com esta particularidade. Saiba agora mais neste artigo.
Uma estrada que desafia a norma
Nos meses mais frios do Báltico existe um troço onde a lei ordena o oposto. Trata-se da estrada de gelo que, no inverno, liga Rohuküla (continente da Estónia) a Heltermaa (ilha de Hiiumaa). A RFM descreve-a como “a única estrada do mundo onde usar cinto de segurança é proibido”.
Porquê retirar o cinto sobre o Báltico
A justificação é simples: se o gelo ceder, cada segundo conta para abandonar o veículo. O Notícias ao Minuto explica que, para garantir uma fuga imediata em caso de fissura, condutor e passageiros devem viajar sem qualquer travão à saída.
A Administração de Transportes da Estónia confirma a regra e recomenda ainda que as portas permaneçam destrancadas durante toda a travessia.
Para limitar a pressão exercida no manto gelado, só são autorizadas viaturas até 2,5 toneladas. É obrigatório manter dois minutos de intervalo entre carros e respeitar um curioso limite de velocidade: abaixo de 25 km/h ou acima de 40 km/h. A faixa intermédia gera vibrações capazes de abrir fendas no gelo, alertam as autoridades estónias.
Aberta apenas nos invernos mais rigorosos
O percurso, com cerca de 25 quilómetros, só é sinalizado quando a espessura do gelo ultrapassa 22 centímetros. Segundo o portal Oddity Central, este corredor sazonal é a mais longa estrada de gelo oficial da Europa, funcionado, em média, de finais de janeiro a finais de março. Finda a época, o tráfego regressa aos ferries.
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Ligação vital para Hiiumaa
Durante esse curto período, a “jäätee” reduz tempo e custos às cerca de oito mil pessoas que vivem em Hiiumaa, permitindo o transporte de bens essenciais sem depender das rotas marítimas sujeitas a gelo flutuante.
Fora do gelo, o cinto continua a salvar vidas
De acordo com o relatório especial 04/2024 do Tribunal de Contas Europeu, as quatro principais causas de mortes nas estradas da UE são:
- Excesso de velocidade;
- Condução sob influência do álcool;
- Não utilização do cinto de segurança;
- Distração do condutor.
Além disso, o relatório temático da Comissão Europeia sobre cintos de segurança e sistemas de retenção infantil destaca que a não utilização do cinto de segurança está associada a aproximadamente 25% das mortes em acidentes rodoviários na UE.
Estima-se que cerca de 900 mortes por ano poderiam ser evitadas se 99% dos ocupantes de automóveis utilizassem o cinto de segurança.
Portanto, os dados indicam que o não uso do cinto de segurança continua a ser uma das principais causas de mortes nas estradas europeias, ficando apenas atrás do excesso de velocidade e da condução sob influência do álcool.
A estrada que liga Rohuküla a Heltermaa mostra que, em condições extremas, a melhor proteção pode passar por libertar os ocupantes do banco em vez de os manter presos.
No restante continente, porém, a regra mantém-se inalterada: apertar o cinto salva vidas e continua a ser obrigatório em qualquer viagem.
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