É um gesto comum em qualquer posto de combustível. Muitos condutores fazem-no para aproveitar até à ‘última gota’, mas segundo o jornal espanhol El Economista, essa prática pode sair cara. O erro de continuar a encher após o primeiro clique, aparentemente inofensivo, pode custar até 500 euros por ano, provocar avarias no sistema do carro e até aumentar o consumo de combustível.
O motivo está na forma como os tanques modernos são concebidos. O corte automático da bomba não é um aviso aleatório, mas sim um mecanismo de segurança que indica que o volume ideal foi atingido.
Ao forçar o abastecimento depois desse ponto, o combustível líquido acaba por entrar no sistema EVAP, responsável por recolher e reaproveitar os vapores antes de os devolver ao motor.
Um pequeno gesto, grandes danos
De acordo com o El Economista, quando o combustível entra no circuito destinado apenas a vapores, o canister, o filtro de carvão ativado que armazena esses gases, fica saturado. Isso pode levar a falhas na leitura dos sensores, consumo excessivo e até ao acendimento da luz de avaria no painel.
Em carros equipados com sistemas ORVR (Onboard Refueling Vapor Recovery), o impacto é ainda mais grave. O excesso de combustível pode danificar válvulas e sensores de purga, peças cujo custo de substituição ronda entre 300 e 700 euros, dependendo da marca e do modelo do veículo.
Além disso, o combustível expandido pelo calor, num depósito cheio até ao limite, pode ser libertado por válvulas de segurança, causando perdas reais de litros e um aumento das emissões.
O custo escondido na bomba
Os cálculos apresentados pela publicação espanhola apontam que o consumo médio pode aumentar até 5% devido a este erro.
Num automóvel a gasolina que percorra 15 mil quilómetros por ano, isso representa cerca de 60 litros desperdiçados: o equivalente a 500 euros, considerando o preço médio atual dos combustíveis em Portugal (1,7 €/litro).
Segundo a mesma fonte, esta prática tem ainda um impacto ambiental considerável, uma vez que aumenta a libertação de gases nocivos e compromete a eficiência energética do veículo.
Como evitar o erro e poupar dinheiro
A recomendação é simples: pare de abastecer assim que ouvir o primeiro “clique”. Esse ponto indica que o volume correto foi atingido e que o sistema de vapores está a funcionar devidamente.
Feche bem a tampa do depósito para evitar fugas e odores, e, se notar cheiro intenso a combustível ou falhas na marcha lenta após o abastecimento, mande verificar o sistema EVAP.
Como conclui o El Economista, “respeitar o primeiro corte da bomba é um gesto pequeno, mas com impacto direto na durabilidade do veículo e na carteira do condutor”.
Leia também: Britânicos lançam aviso sobre quem vai viajar para Portugal (e não só): novas regras entram em vigor já em outubro