Muitos condutores desconhecem que um simples erro ao abastecer o carro pode transformar-se num problema sério e dispendioso. Com o aumento dos preços dos combustíveis, são cada vez mais aqueles que tentam aproveitar até à última gota, mas essa prática pode sair muito cara.
À medida que o custo de vida sobe, muitos condutores procuram tirar o máximo proveito de cada litro de combustível. Contudo, uma prática aparentemente inofensiva nas bombas está a causar avarias graves nos veículos e contas de oficina que ultrapassam facilmente os milhares de euros.
O especialista em motores diesel Aldis Ozols, CEO e fundador da empresa A1 Diesel, alertou que continuar a abastecer depois do primeiro “clique” do bico da bomba pode provocar danos significativos. Segundo o técnico, citado pelo jornal britânico The Mirror, essa atitude compromete o sistema de combustível e resulta em reparações dispendiosas.
Perigo de ignorar o primeiro clique
Ozols explica que os motores diesel modernos têm sistemas de combustível muito precisos, que dependem de margens exatas de funcionamento. “Os depósitos de combustível a gasóleo contêm um sistema integrado de recuperação de vapores que precisa de espaço de ar para funcionar corretamente. Quando se continua a encher depois do primeiro clique, esse sistema é inundado, o que pode danificar o filtro de carvão ativado e causar problemas de pressão de combustível.”
Carros mais modernos, maiores riscos
Os veículos mais recentes estão entre os mais vulneráveis, devido aos sistemas de controlo de emissões avançados que utilizam. Estes podem falhar facilmente se o combustível recuar para componentes internos. O alerta surge num contexto de preços elevados do gasóleo, que leva cada vez mais condutores a tentar aproveitar até à última gota.
O corte automático das bombas existe precisamente para evitar isso. Foi criado para interromper o abastecimento quando o depósito atinge a capacidade considerada segura.
Reparações que podem custar milhares
“O primeiro clique é uma medida de segurança, não apenas uma sugestão”, sublinha Ozols. “Os veículos diesel atuais utilizam sistemas common rail de alta pressão, que podem chegar aos 2.500 bar. Estes sistemas precisam de estar completamente limpos e sem contaminações.”
Os danos resultantes podem sair caros. A substituição de um filtro de carvão ativado danificado pode custar entre £200 e £400 (cerca de 235 a 470 euros), enquanto avarias mais sérias em injetores ou bombas de alta pressão podem ultrapassar £3.000 (cerca de 3.525 euros), de acordo com a mesma fonte.
Impacto da temperatura no combustível
Ozols recorda ainda que “o gasóleo expande cerca de 0,7% por cada aumento de 10 °C na temperatura. Se encher o depósito até ao limite numa manhã fria, o combustível expande-se à medida que aquece e precisa de espaço para isso. Caso contrário, inunda componentes essenciais do sistema.”
Muitos condutores que ignoram o primeiro clique acabam por cometer este erro ao abastecer e enfrentar luzes de avaria acesas no painel, menor eficiência de combustível e, em casos extremos, falhas completas no sistema de emissões.
Método certo para abastecer
A regra é simples, mas muitos condutores ignoram-na. “Pare no primeiro clique, pendure a pistola e evite a tentação de arredondar para o euro mais próximo ou de tentar meter mais combustível”, aconselha Ozols.
O especialista acrescenta, citado pelo The Mirror: “Alguns condutores pensam que ao colocar um pouco mais de combustível estão a poupar dinheiro ou tempo, mas esse raciocínio de curto prazo resulta em custos elevados a longo prazo. O primeiro clique é a sua proteção contra reparações dispendiosas.”
Outra recomendação
Por fim, recomenda sempre verificar o manual do veículo, já que alguns modelos são mais sensíveis ao sobreenchimento. “Pense no clique automático como o aviso do próprio depósito a dizer-lhe que atingiu a capacidade ideal”, conclui Ozols. “Ignorar esse sinal e cometer este erro ao abastecer pode transformar um simples abastecimento de £80 (cerca de 94 euros) numa reparação de £3.000 (cerca de 3.525 euros).”
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