Produtores de alfarroba do Algarve manifestam-se na sexta-feira, em Loulé, para exigir ao Governo a promulgação da lei proposta por um grupo de trabalho no âmbito do plano de ação de furtos de citrinos, abacates e alfarroba.
A manifestação, agendada para as 18:00, frente à Câmara de Loulé, concelho onde se concentra a maior extensão desta cultura de sequeiro, foi convocada pela cooperativa AGRUPA, a única associação de produtores de alfarroba e amêndoa do Algarve, que agrega cerca de 400 agricultores.
“Queremos mostrar a nossa revolta e indignação e exigir à senhora ministra da Agricultura que promulgue a legislação que teve por base a proposta saída do grupo de trabalho no âmbito do plano de ação de furtos de citrinos, abacates e alfarroba, terminada em 2021”, disse à Lusa o presidente da AGRUPA, Horácio Piedade.
O presidente da AGRUPA acredita que a legislação “irá dar maior segurança ao setor, com a regulação da venda e da compra, acabando com a impunidade dos senhores que compram a alfarroba, obrigando-os ao seu registo no IFAP [Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas]”.
A proposta do grupo – que integrou a AGRUPA, a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, a GNR, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), a Autoridade Tributária e Aduaneira e a Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) -, visa garantir maior proteção aos milhares de produtores de alfarroba.
Para Horácio Piedade, a lei “é de extrema importância para acabar com os roubos e tráfico de alfarroba que se generalizaram por toda a região algarvia, com a impunidade dos compradores do fruto roubado”, além de conferir maior segurança aos produtores.
“Esperávamos que a legislação entrasse em vigor ainda antes da época da colheita de 2021, mas até ao momento a mesma continua na gaveta do Ministério [da Agricultura], numa altura em que se acentuam os roubos e o tráfico do produto”, referiu.
Horácio Piedade adiantou que, embora o fruto ainda não se encontre completamente maduro, “têm-se acentuado os roubos, temendo os agricultores a violência física e verbal gerada com os indivíduos” que, por vezes, são surpreendidos nos pomares e armazéns onde está guardada a alfarroba.
“A situação tornou-se insustentável para os produtores de alfarroba, daí vermo-nos obrigados a iniciar a luta de rua”, notou aquele responsável.
O presidente da AGRUPA, a única cooperativa de produtores de alfarroba e amêndoa do Algarve, avisou que “caso a legislação não seja publicada em breve, os protestos podem tomar outras formas, como o corte da Estrada Nacional 125 no mês de agosto”.