Em Portugal, o café é mais do que uma bebida — é um hábito cultural. Acompanhado de conversa, trabalho ou apenas um momento de pausa, o café marca o ritmo diário de milhões de pessoas. Ainda assim, existe uma questão que muitos evitam ou não sabem responder: quantos cafés se podem beber por dia sem prejudicar a saúde?
Segundo a Mayo Clinic, até 400 miligramas de cafeína por dia parece ser uma quantidade segura para a maioria dos adultos saudáveis.
Este valor, apesar de parecer técnico, traduz-se em algo mais direto: entre quatro a cinco cafés expressos por dia, dependendo da concentração. No entanto, este número não se aplica de forma igual a todos.
Dois a três cafés por dia? Depende
A Associação Portuguesa dos Nutricionistas (APN) recomenda, com base em dados nacionais, o consumo de dois a três cafés por dia como limite médio para adultos saudáveis.
Este número não é fixo, mas resulta de uma estimativa que considera a cafeína presente em outras fontes, como refrigerantes, chocolate, chás ou medicamentos.
Além disso, há quem metabolize a cafeína de forma mais lenta, o que significa que os efeitos, como o aumento da atenção ou o estado de alerta, podem durar mais tempo, assim como os efeitos secundários.
Por isso, mesmo dentro do valor considerado seguro, é necessário estar atento à suscetibilidade individual.
O que acontece quando se exagera?
O excesso de cafeína pode provocar efeitos indesejados: nervosismo, insónias, agitação, aumento do ritmo cardíaco, e em casos mais extremos, até episódios de ansiedade.
De acordo com Edward Giovannucci, professor de nutrição da Harvard T.H. Chan School of Public Health, citado pelo jornal The Guardian, os sintomas podem assemelhar-se aos de uma crise de ansiedade em pessoas mais sensíveis.
Outros efeitos possíveis incluem dores de estômago, refluxo, tremores nas mãos e alterações do apetite.
É importante lembrar que estes sinais não surgem apenas após dez cafés por dia, em algumas pessoas, três já podem ser demais.
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Café é só o começo
Vale também lembrar que o café não é a única fonte de cafeína. Um chá preto ao final da tarde, uma bebida energética antes do treino, ou até um chocolate preto com mais de 70% de cacau podem contribuir para o valor total ingerido por dia.
Este fator torna mais difícil controlar a quantidade total de cafeína consumida, sobretudo quando se parte do princípio de que o problema está apenas “na bica”.
Há uma dose certa
Com o passar dos anos, a tolerância à cafeína também pode mudar. Pessoas que consumiam três cafés por dia sem sintomas podem, com o tempo, começar a sentir alterações no sono ou no humor.
Além disso, em fases de maior stress, ansiedade ou alterações hormonais (como gravidez ou menopausa), a reação à cafeína pode ser amplificada.
A recomendação é simples: observar os sinais do corpo. Se o café deixa de dar energia e começa a criar desconforto, talvez seja hora de reduzir ou distribuir melhor o consumo ao longo do dia.
O café tem mais do que uma data
A celebração do Dia Mundial do Café, a 14 de abril, e do Dia Internacional do Café, a 1 de outubro, lembra-nos não só da importância da bebida na economia global, mas também da necessidade de abordar o consumo com consciência.
Estas datas foram instituídas por organizações como a International Coffee Organization, que visam valorizar o ciclo completo do café, da produção ao consumo.
Num país como Portugal, onde o café faz parte da identidade cultural, encontrar um equilíbrio entre prazer e saúde continua a ser o verdadeiro desafio.
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