O tema da higiene pessoal é muitas vezes alvo de debate, especialmente quando se trata da frequência com que tomamos banho. Para muitos, o duche diário faz parte da rotina e está associado a bem-estar, limpeza e até relaxamento. No entanto, há quem questione se essa prática, considerada habitual, é realmente necessária ou se poderá até ser exagerada.
Um hábito profundamente enraizado
A prática de tomar banho todos os dias está intimamente ligada a fatores culturais, sociais e até económicos. Em muitas sociedades, a regularidade da higiene corporal está associada à imagem que se transmite aos outros, ao conforto pessoal e à sensação de frescura.
Contudo, há quem defenda que o excesso de produtos de higiene pode ser contraproducente, conforme aponta o Noticias Trabajo. Esta perspetiva tem vindo a ganhar espaço e a desafiar o que, durante muito tempo, foi considerado um padrão inquestionável de limpeza.
Apesar da tradição de limpeza diária estar bem enraizada, algumas vozes na área da saúde e investigação começam a propor uma abordagem diferente, sugerindo que talvez estejamos a interferir com o equilíbrio natural da nossa pele ao insistir em lavagens demasiado frequentes.
A experiência de um médico
James Hamblin, médico e autor de um livro sobre o tema, decidiu testar na pele esta teoria. Reduziu de forma significativa a frequência dos seus banhos ao longo de cinco anos, adotando uma higiene mais simplificada.
Segundo o próprio, nunca descurou a limpeza, mas optou por uma abordagem que classificou como “minimalista”. Isso implicou abdicar do uso habitual de certos produtos de higiene corporal.
Para o autor do livro, o banho diário é mais um reflexo de normas culturais do que uma verdadeira necessidade biológica ou médica.
A importância do equilíbrio
O médico sublinha que o corpo humano alberga milhões de microrganismos na pele, muitos deles benéficos. Quando se faz uma limpeza excessiva, esses organismos são eliminados, o que pode perturbar o equilíbrio natural do corpo.
De acordo com a mesma fonte, a longo prazo, essa perturbação poderá originar problemas cutâneos como dermatites ou acne, pois a pele torna-se mais vulnerável a agressões externas.
Esta ideia vai ao encontro de uma visão cada vez mais comum de que nem todos os microrganismos são inimigos. Alguns desempenham funções essenciais para a proteção e regulação da pele.
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Higiene essencial: o que é realmente necessário?
O especialista, citado pela mesma fonte, defende que manter uma higiene básica é suficiente para assegurar a saúde sem comprometer o equilíbrio da pele. Isso inclui, por exemplo, lavar as mãos com frequência e cuidar da higiene do rosto.
No seu entender, a imagem de que alguém que não toma banho diariamente é “sujo” ou “repugnante” está ligada a preconceitos sociais e não a dados concretos sobre saúde. O médico questiona a pressão social que leva as pessoas a consumirem mais produtos do que realmente precisam, muitas vezes por medo de julgamento alheio.
Um olhar crítico sobre a indústria
Conforme menciona a fonte anteriormente referida, o médico, na sua análise aponta também o papel da indústria de produtos de higiene, “muitos dos geles e champôs disponíveis no mercado não diferem substancialmente entre si, independentemente do preço.”
Para o médico, não é necessário gastar muito dinheiro em produtos caros, já que os mais acessíveis cumprem, em muitos casos, exatamente a mesma função. Este ponto levanta uma questão pertinente sobre até que ponto somos influenciados pela publicidade e pela imagem associada ao ‘bom aspeto’ e ao “cheiro agradável”.
Novos hábitos, mais consciência
A proposta deste médico não é a de abandonar a higiene, mas sim repensar os nossos hábitos. Reduzir o uso de certos produtos e questionar a frequência com que nos lavamos pode ser um caminho para cuidar melhor da pele e do meio ambiente.
Ao mesmo tempo, incentiva uma abordagem mais consciente e menos dependente do consumo, segundo aponta o Noticias Trabajo.
Para muitos, esta pode ser uma ideia difícil de aceitar, mas o debate está lançado e pode vir a moldar as práticas do futuro.
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