Para o duelo das legislativas, o Expresso desafiou os seus leitores a seguirem os passos dos comentadores destes debates e a darem notas, justificando as suas opções. O que aqui deixamos são os quatro que melhor cumpriram o desafio – e um obrigado à (muita) participação
Beatriz Berger
António Costa 5 – Rui Rio 7
António Costa: um verdadeiro político, faz lembrar o excelente orador que é o Sócrates. O PS é uma escola fabulosa formadora de etiqueta. Como sempre, a máquina do partido socialista apresenta as propostas como inéditas e cheias de esforço e concessões. Acho que estou com algo nos olhos, será areia?
Rui Rio: todos dizem que o Rui Rio perde no jogo da política, não saiu da escola de oradores do PS, concordo com essa ideia. Fala sem papas na língua e às vezes diz coisas difíceis de ouvir ou de entender. Ganha contra Costa nas ideias, na vontade de rotura, na disponibilidade para criar uma governação estável. Tem visão para o futuro e não deturpa os acontecimentos do passado. Falha ao ser demasiado realista, a população vive bem com promessas não cumpridas. Prometa lá aí umas coisas.
Antonio Onofre
António Costa 8 – Rui Rio 8
O melhor debate até agora. Dois senhores da política portuguesa. Uma lição do que é um debate político que se pretende esclarecedor. Discute-se política e não casos e casinhos. Sem interrupções, sem ataques pessoais.
Hélder Fontes
António Costa 6 – Rui Rio 5
Finalmente um debate com tempo suficiente para explorar programas e visões distintas. Ficou clara a divisão de rumo a seguir entre os dois partidos.
Rui Rio melhor na explanação do seu programa macroeconómico, ainda que com alguma visão tecnocrata do assunto. António Costa rematou com algumas banalidades económicas, mas foi bastante mais calmo e assertivo, por oposição a Rio, com o coração muito perto da boca.
Dependendo do tema, há vitórias dos dois lados, mas em termos de passar uma mensagem e de mobilizar eleitorado, António Costa sai ligeiramente por cima.
Vítor Hugo Dias
Rui Rio 9 – António Costa 7
Entre mais do mesmo e mesmo mais. O debate exigia de ambos uma linguagem clara e respostas objetivas. Se, por um lado, António Costa, com enorme altivez, fez um “tricô”, com muito tecnicismo e números, e poucas respostas concretas (isto é, quando não desviava as perguntas), limitando-se a criticar o programa do PSD, e, sobretudo, a assediar os portugueses com o Orçamento do Estado rejeitado pela Assembleia.
Por outro lado vimos um Rui Rio, que assumiu uma postura humilde, preparado (como nunca) para o debate. Foi claro e objetivo nas suas respostas, descredibilizou a governação socialista e, acima de tudo, promoveu e explicou o seu programa, ganhando espaço para dar a conhecer a alternativa. Do debate ficam duas coisas. A discussão sobre as propostas do PSD e o Orçamento do Estado a ser exibido. Alea Jacta Est. Mais do mesmo ou mesmo mais?
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL