Revelar-se-á cada vez mais preocupante a sinistralidade rodoviária registada no nosso país, aplaudindo-se, assim, todas as medidas tomadas para combater a mesma, como controlos de velocidade, de grau de alcoolemia com que se conduz, do estado dos veículos, etc.
No entanto, o combate à dita sinistralidade não deixará, igualmente, se bem ajuizamos, de passar por outros domínios, a que não se estará, contudo, a dar a atenção merecida, como é o da sinalética.
Na verdade, não raro é-se confrontado com:
– Sinais obstruídos por ramos de árvores ou arbustos crescendo junto a eles;
– Sinais partidos ou desgastados pelo tempo;
– Sinais «ofuscados» pela mais variada publicidade implantada na sua proximidade (a propósito de tal publicidade, nomeadamente, de índole partidária, como permitir, em particular, a sua colocação em rotundas, onde se requer especial atenção dos condutores que nelas entrem, mas que tal publicidade, facilmente, distrairão?);
– Sinais deixando o condutor a «coçar na cabeça» quanto ao sentido ou racionalidade dos mesmos, dando a sensação de que alguém decidiu colocar este ou aquele sinal de trânsito, neste ou naquele local, apenas, por achar que «ficava bem»;
– Ausência, ao invés, de sinais onde deveriam existir, como o de fim de limite de velocidade num percurso, onde, por qualquer razão, obra ou aproximação de lomba, em dado local do mesmo esse limite fora determinado.
Ainda a propósito de sinistralidade rodoviária, atualmente, como é sabido, um veículo automóvel ou motociclo, para uma melhor visibilidade sua, é obrigado, mesmo durante o dia, a circular com as designadas luzes de presença ligadas. Ora, como compreender, então, que luzes de presença idênticas não sejam exigíveis às bicicletas que, cada vez mais, vemos circular pelas estradas do país ou não se faça aos respetivos condutores, em alternativa, a exigência do uso de camisolas ou coletes refletores? Que se espera? Que aumente a sinistralidade envolvendo ciclistas? O mesmo se diga em relação às trotinetas elétricas, com condutores, até, circulando com «pendura», ausência de qualquer capacete e por onde lhes «apetece», seja por um passeio ou artéria de sentido proibido (trotinetas ecológicas, sim, mas com responsabilidade por parte de quem as conduz!).
Tudo isto, naturalmente, para já não se falar de outros domínios a que a sinistralidade rodoviária não deixará, igualmente, de estar associada, como estradas mal conservadas, cheia de buracos, estreitas e sem bermas(1) ou bermas sem serem, devidamente, tratadas, onde o mato cresce, ou, ainda, transformadas em autênticos «carrosséis»(2) por via de raízes de árvores que as ladeiam!
Falta dos antigos «cantoneiros»?
PS – E que dizer do continuar-se, ainda, a ver pessoas a caminharem pelas estradas no mesmo sentido em que o trânsito se processa e não em sentido contrário ao mesmo? Que campanhas alertando para tal perigo, como se alerta, por exemplo, para o «Se conduzir não beba!» (ainda que água ou sumos beber se possam)?
(1) Veja-se o troço de estrada, de tráfego intenso, entre Boliqueime e a Via do Infante, estreito, sem, bermas, com registo de sinistros vários, alguns mortais.
2) Veja-se a concorrida estrada que liga Quarteira à EN 125, em que, por mais que a autarquia que por ela é responsável invista na sua reparação, as raízes das árvores que a ladeiam acabam, sempre, por levar de vencida tal investimento!
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