Diz-se que em tempos idos, quando as caravelas andavam por esses mares, que quando havia problemas a bordo, os primeiros a fugir eram os ratos, só os menos destros continuavam a bordo e acabavam por afundar com a ‘casca de noz’.
Parece-me que hoje os ‘ratos’ são todos pouco destros, pois ainda não vi nenhum bicho fugir das ‘caravelas’ que afundaram, talvez estejam demasiado gordos para se refugiarem noutros barcos.
São animais pouco trabalhadores, apenas distribuem a pouca ração existente pelos seus semelhantes, ao contrário das formigas que juntam e produzem o seu próprio alimento no subsolo. Ainda estou na dúvida se é vergonha da fuga ou esperança que se repitam os dias de sol de que usufruíram.
Vi, por esse campo fora, algumas ratazanas acabrunhadas tentando repetir a sua forma de vida, mas as estações do ano vão mudando e a outra bicharada já não segue ratos gordos que não sabem fazer nada.
Sabemos que de cada dez caravelas que iam à Índia apenas regressava uma, será que também vão desaparecer alguns barcos que têm andado a ‘meter água’? As ratazanas para onde irão?
O mar e a selva têm muitas espécies de animais, uns brabos, outros nem tanto, mas a maioria são mansinhos.
Os ratos são animais roedores, roem, roem, roem, em terra andam bem à vista pavoneando-se com a sua vida, mas debaixo de terra têm as suas mansões, é preciso escavar muito para as encontrar, enquanto que a bicharada quando tem um pequeno ninho já é considerado um luxo.
Essa bicharada peçonhenta também se distingue pelo tamanho. Há os grandes ratos, gordurosos e escorregadios, que escavam grandes buracos e os ratinhos toupeiros que esburacam a terra toda e servem de apoio às grandes ratazanas.
Como diz o Zé Pagode: “Há ratos dum cabrão”.
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