Apesar de parecer um gesto inofensivo, sacudir tapetes ou roupas à janela pode sair caro. Em vários municípios portugueses, esta prática é considerada uma infração e pode resultar em coimas que podem chegar aos 2.493,99€, consoante o regulamento local. A razão é simples: trata‑se de uma questão de higiene urbana e respeito pelos vizinhos.
Durante décadas, sacudir tapetes pela janela foi um hábito comum nas manhãs de sol portuguesas. No entanto, o pó libertado e a sujidade que cai sobre varandas, carros ou roupa estendida têm causado cada vez mais conflitos entre vizinhos e levado as autarquias a agir.
Uma prática antiga com novas consequências
O gesto de bater um tapete à janela pode parecer banal, mas em zonas urbanas densas é visto como uma violação das regras de convivência. Em prédios, é frequente que a poeira atinja apartamentos inferiores, provocando queixas e tensões entre moradores. Além do incómodo visual, o pó e as partículas libertadas podem agravar alergias ou doenças respiratórias, segundo a evidência sobre os efeitos das partículas em suspensão na saúde.
O que diz a lei
As situações são reguladas por regulamentos municipais de higiene urbana/gestão de resíduos. Muitos municípios proíbem expressamente sacudir tapetes, cobertores ou roupas pelas janelas, varandas ou portas para a rua, sobretudo quando exista o risco de sujar pessoas, viaturas ou propriedades vizinhas. Exemplos: Nazaré e Chaves têm essa proibição expressa nos respetivos regulamentos.
É recomendável consultar as normas do seu concelho, pois os valores e o enquadramento variam. Segundo o Município da Nazaré, por exemplo, o intervalo aplicável às infrações de higiene do espaço público é de 249,40€ a 2.493,99€ para pessoas singulares, com possibilidade de agravamento em caso de prejuízos graves ou reincidência. Em Vila Franca de Xira, o regulamento classifica as infrações por gravidade e prevê coimas para pessoas singulares que, consoante o caso, podem ultrapassar os 2.000€.
Exemplo: o regulamento da Nazaré
Na Nazaré, o regulamento municipal proíbe “sacudir ou bater… tapetes, alcatifas, roupas…” das janelas/varandas/portas para a rua quando previsivelmente os resíduos possam cair sobre pessoas ou bens. Para estas infrações, o mesmo regulamento fixa coimas de 249,40€ a 2.493,99€ (pessoas singulares), com agravamentos previstos.
Evitar conflitos antes que cheguem à multa
Muitos conflitos relacionados com este tema começam por falta de diálogo. A comunicação direta e cordial costuma ser o primeiro passo para resolver o problema. Quando há administrador de condomínio, este deve lembrar as regras do regulamento interno e intervir nas situações recorrentes. Se a infração persistir, o morador lesado pode recolher provas — como fotografias ou vídeos — e apresentar queixa junto dos serviços municipais competentes ou da Polícia Municipal; os regulamentos municipais preveem a fiscalização pelas autoridades locais.
Como limpar sem infringir as regras
Manter a casa limpa não tem de implicar riscos de coimas ou conflitos com os vizinhos. Uma das formas mais seguras de o fazer é recorrer a aspiradores ou máquinas específicas para tapetes e alcatifas, que removem eficazmente o pó sem levantar partículas. Para peças maiores, o ideal é sacudi-las apenas em varandas espaçosas, terraços ou jardins, garantindo que não há projeção de resíduos para a via pública ou para habitações vizinhas.
Nos casos em que a sujidade é mais intensa, pode ser preferível recorrer a serviços profissionais de limpeza, capazes de tratar os tecidos sem causar incómodo a terceiros. Também é recomendável evitar bater roupa à janela, optando antes por varais interiores ou bem afastados da rua. Pequenas mudanças de hábito bastam para manter a higiene doméstica sem infringir as regras e preservando a boa convivência entre vizinhos.
Viver em comunidade com bom senso
Mais do que uma questão de limpeza, trata‑se de civismo e empatia. Sacudir tapetes à janela pode parecer um gesto trivial, mas tem impacto direto na vida dos outros. Cumprir as regras locais e agir com consideração é a melhor forma de manter a paz no prédio e a boa relação com quem vive ao lado.
Leia também: Chuva regressa ‘em força’ a Portugal a partir deste dia e estas serão as regiões mais afetadas
















