A conversa sobre as praias mais perigosas da Europa costuma apontar para cenários de risco muito diferentes entre si, das “sneaker waves” islandesas às correntes de retorno francesas. Segundo a lista elaborada pelo site de viagens Love Exploring, Portugal aparece neste mapa com casos bem identificados, como a Praia do Norte, na Nazaré, associada a ondulação extrema, as arribas do Algarve com risco de derrocada e a Praia da Ursa, em Sintra, onde o acesso íngreme se cruza com instabilidade geológica.
Reynisfjara, Islândia: o caso de estudo europeu para ondas imprevisíveis
A praia de areia preta em Vík í Mýrdal tornou-se referência internacional do risco costeiro por causa das chamadas “sneaker waves”, ondas que chegam sem aviso aparente. Depois de novos incidentes ocorridos neste verão, as autoridades ajustaram o sistema de alerta luminoso, restringindo o acesso a zonas críticas sempre que o sinal vermelho é ativado. A promoção turística oficial sublinha que a beleza do lugar exige distância de segurança à rebentação.
Nazaré: mar gigante e banhos desaconselhados na Praia do Norte
No litoral português, a Praia do Norte é palco de ondas gigantes que atraem surfistas e campeonatos, mas não é uma praia de banhos. A Autoridade Marítima reforça a segurança durante eventos, lembrando que a agitação marítima intensa impõe cautelas ao público. Fora do espetáculo, o mar permanece imprevisível e o respeito pela sinalização é essencial.
Arribas do Algarve: risco real de derrocada em dezenas de areais
A instabilidade das arribas é um perigo documentado no sul do país. De acordo com a Agência Portuguesa do Ambiente, a “faixa de risco” junto às arribas corresponde à área potencialmente ocupada por desmoronamentos, devendo manter-se uma distância de segurança proporcional à altura da falésia.
Em 2022, a própria APA indicou existir risco de derrocada em 75 praias do Algarve. A memória de Albufeira, com cinco vítimas mortais na Praia Maria Luísa em 2009, explica por que razão as autoridades mantêm avisos e, quando necessário, executam derrocadas controladas para prevenir acidentes.
Praia da Ursa, Sintra: acesso difícil e instabilidade geológica
A beleza selvagem da Ursa esconde perigos específicos. O trilho é exigente, com troços íngremes e instáveis, e a base da arriba está sujeita a quedas de blocos. Em março de 2018, uma derrocada provocou um morto e um ferido grave, levando as autoridades a reiterarem os alertas sobre permanência junto à falésia e campismo no sopé.
Outros pontos críticos na Europa: correntes e marés traiçoeiras
Fora de Portugal, a costa do Sudoeste francês convive com as “baïnes”, depressões que geram correntes de retorno muito fortes entre a meia-maré e a baixa-maré, um fenómeno com folhetos oficiais de prevenção. No Reino Unido, Camber Sands ficou associada a vários afogamentos em anos recentes, com a RNLI a documentar as conclusões do inquérito sobre a série de mortes de 2016.
Como ler o risco na praia: sinais, correntes e época vigiada
Em Portugal, os agueiros são correntes de retorno que podem ocorrer em praticamente toda a costa, muitas vezes junto a molhes ou em zonas de fundões. A orientação da Autoridade Marítima é clara: não lutar contra a corrente, manter a calma, pedir ajuda e nadar lateralmente até sair do fluxo, tentando regressar a terra num ponto afastado. O dado estrutural é simples de reter sempre que o mar parece calmo demais para a época do ano.
Nazaré, arribas algarvias e Ursa surgem recorrentemente nas referências internacionais sobre praias perigosas, por razões distintas. A leitura combinada de sinalética, bandeiras, boletins de agitação marítima e restrições de acesso é a diferença entre uma visita segura e um incidente. O balanço oficial da época balnear de 2025 mostra que a prevenção continua a ser determinante.
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