Carlos Manuel da Silva Santos, empresário português de 30 anos e fundador da Ethos Asset Management, está prestes a conhecer a sentença num dos casos de fraude financeira mais mediáticos envolvendo um cidadão português nos EUA. Detido no final de 2023, declarou-se culpado de crimes que podem valer-lhe até 30 anos de prisão. Mas o que aconteceu exatamente?
De Leiria para o mundo financeiro
Natural de Leiria, Carlos Santos destacou-se desde cedo pelo percurso académico. Licenciou-se no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), onde viria também a lecionar.
Estagiou no Banco de Portugal e participou em projetos europeus. Em 2016, o português fundou a Ethos nos EUA, apresentando a empresa como uma solução inovadora para financiamento internacional.
O modelo de negócio e as promessas de capital “sem risco”
A Ethos oferecia financiamentos com base em garantias alternativas, como as Stand-by Letters of Credit (SBLC), dispensando ativos tradicionais, como explica a Executive Digest.
Segundo Carlos, o processo permitia investir “sem risco” e sem necessidade de regulação jurisdicional. Esta proposta atraiu investidores de vários países.
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O esquema revelado pelas autoridades norte-americanas
As autoridades dos EUA, porém, descrevem uma realidade diferente. A acusação aponta que Carlos Santos manipulava documentos, assinaturas e extratos bancários para simular uma falsa robustez financeira da Ethos.
Os montantes apresentados em relatórios, entre 100 milhões e 2,2 mil milhões de dólares, nunca terão existido.
Perdas milionárias e pagamentos sem retorno
Vários clientes terão pago valores elevados como “garantia inicial” para aceder ao financiamento, mas nunca receberam os fundos prometidos.
Carlos reconheceu perdas de 17,1 milhões de dólares, embora os procuradores estimem que o valor real seja superior.
De empreendedor promissor a arguido internacional
Descrito por conhecidos como reservado, mas ambicioso, Carlos chegou a ser entrevistado por publicações internacionais e somava prémios académicos.
A sua imagem de empreendedor visionário desfez-se com a acusação formal. A Ethos, que chegou a operar em países como Brasil e Turquia, é agora considerada parte de um esquema fraudulento.
A justiça e as consequências que se avizinham
O caso está a ser julgado em San Diego pelo juiz Robert S. Huie, reconhecido por atuar em processos de fraude de alto perfil.
Carlos arrisca uma pena de até 30 anos, além de uma multa de 250 mil dólares. A sentença deverá ser conhecida nos próximos dias.
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