A forma como um supermercado está organizado não é aleatória. Cada corredor, cada prateleira e até o que se sente ao entrar na loja é pensado com um objetivo específico: influenciar o comportamento dos clientes. A Mercadona é um exemplo claro desta estratégia.
Quando se entra numa loja da marca, é habitual encontrar logo uma zona bem iluminada, com cores vivas e aromas que remetem a frescura. Esta primeira impressão é fundamental para criar uma ligação emocional positiva com o espaço e estimular a vontade de explorar o resto da loja.
Produtos essenciais ao fundo
Os artigos de primeira necessidade, como o leite, o pão ou a farinha, estão colocados nas zonas mais afastadas da entrada. Isto obriga os clientes a passar por outros corredores para lá chegar. Pelo caminho, são expostos a dezenas de outros produtos que não tinham planeado comprar.
Este tipo de disposição tem como objetivo aumentar as hipóteses de que o cliente adicione mais artigos ao cesto, aproveitando a sua atenção e o tempo de permanência na loja.
Prateleiras adaptadas à altura dos olhos
Outro pormenor importante que a Mercadona aplica é a forma como os produtos são organizados verticalmente nas prateleiras. Os artigos destinados a crianças, como doces ou cereais, estão muitas vezes colocados nas prateleiras inferiores, ao alcance da sua visão e das suas mãos.
Por outro lado, os produtos para adultos encontram-se nas prateleiras mais altas, facilitando o acesso para quem os procura. Esta estratégia procura influenciar decisões de forma direta, com base em quem está mais próximo do produto.
Zonas de pagamento com tentações
Ao chegar às caixas, os clientes deparam-se com uma variedade de produtos pequenos e apelativos, como pastilhas, chocolates, isqueiros ou pilhas. Estes itens, colocados estrategicamente junto ao local de pagamento, visam captar a atenção nos últimos momentos da compra.
São produtos que muitas vezes não fazem parte da lista, mas que acabam por ser adquiridos por impulso, devido à sua localização visível e acessível.
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Olfato e iluminação como ferramentas
O cheiro a pão acabado de cozer ou a presunto cortado na hora é utilizado para despertar o apetite e atrair os clientes. Estes aromas criam uma sensação de conforto e estimulam a compra de alimentos, mesmo que inicialmente não estivessem planeados.
Já em zonas como a secção de cosmética, a iluminação é reforçada para destacar as embalagens e tornar os produtos mais apelativos, captando a atenção de quem passa.
Carrinhos maiores e percurso definido
O tamanho dos carrinhos de compras também tem um papel importante. Um carrinho grande, quando parcialmente vazio, pode induzir a sensação de que ainda falta alguma coisa. Isso pode levar os clientes a procurar mais produtos para “encher” o espaço.
Além disso, segundo a Marketeer, o layout da loja é desenhado para guiar os clientes por um percurso específico. Este trajeto obriga a passar por várias zonas e secções, aumentando o tempo de permanência no supermercado e a exposição a diferentes produtos.
Experiência construída para vender mais
Todas estas escolhas fazem parte de uma estratégia mais ampla baseada em estudos de comportamento e neuromarketing. A Mercadona, tal como outras cadeias de retalho, aplica estes métodos para condicionar a experiência de compra, influenciando decisões de forma subtil e eficaz.
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