Os moradores de uma área próxima de Buenos Aires, na Argentina, foram surpreendidos ao ver o rio Sarandí tingido de um vermelho intenso e invulgar. Além da cor alarmante, um cheiro forte e desagradável tomou conta da região, deixando os habitantes preocupados com o impacto ambiental da situação.
De acordo com o jornal The Guardian, o fenómeno ocorreu na quinta-feira e deixou a comunidade local apreensiva. Muitos residentes referem que este não é um caso isolado e que o rio tem sido alvo de várias formas de poluição ao longo do tempo.
María Ducomls, uma das moradoras, descreveu a cena como “um riacho sangrento” e alertou para a recorrência destes incidentes. “Não é preciso ser um inspetor para perceber o quão poluído está o pobre riacho Sarandí”, lamenta, referindo-se à degradação contínua das águas.
A poluição do rio não se limita ao tom avermelhado registado neste episódio. Segundo a mesma residente, a água já apresentou diversas cores ao longo dos anos. “Já as vimos azuladas, esverdeadas, cor de rosa e arroxeadas, com uma mancha de gordura à superfície que parece petróleo”, afirmou.
Outra moradora, Silvia, relatou que o aspeto do rio muda frequentemente e que, em certas ocasiões, “era amarela, com um cheiro ácido que nos enjoa até na garganta”. A comunidade acredita que a origem destas contaminações está nas fábricas da região, que despejam resíduos industriais nas águas.
Desta vez, as suspeitas recaem sobre uma fábrica de curtumes localizada nas proximidades. Acredita-se que os produtos químicos utilizados no tratamento das peles possam ter sido os responsáveis pela alteração drástica na cor do rio.
Perante a situação, o departamento regional do Ambiente anunciou que já está a investigar o caso. “Na manhã de quinta-feira, 6 de fevereiro, recebemos uma denúncia de que as águas do canal de Sarandí se tinham tingido de vermelho”, informou a entidade em comunicado oficial.
Segundo a ZAP, uma equipa de especialistas foi enviada ao local para recolher amostras da água e realizar análises detalhadas. “O nosso laboratório móvel de análises foi enviado para a zona e foram recolhidos dois litros de água para análise química básica e cromatografia líquida, a fim de determinar a substância orgânica responsável pela descoloração. Pensa-se que se trata de um tipo de corante orgânico”, acrescentou o departamento.
Apesar do tom avermelhado ter começado a desaparecer ao final do dia, a população continua preocupada. Tal como o rio Nilo na Bíblia, que se transformou em sangue durante uma das pragas do Egito, o rio tingido de vermelho surge como um sinal alarmante para a comunidade local. No relato bíblico, a mudança das águas era vista como um castigo divino, enquanto no caso atual, a coloração do rio levanta preocupações ambientais e aponta para a possível ação humana. Embora separados pelo tempo e pelo contexto, ambos os episódios evocam espanto, medo e a necessidade de respostas para um fenómeno que altera drasticamente a paisagem natural.
A contaminação do rio Sarandí reflete uma realidade preocupante e os habitantes locais esperam que as investigações tragam respostas concretas e que medidas eficazes sejam tomadas para impedir novos incidentes.
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