Num inverno em que muitas famílias pensam duas vezes antes de ligar o aquecimento, pequenos ajustes dentro de casa podem fazer diferença no conforto e nas faturas de energia. Várias destas sugestões foram recentemente compiladas pelo jornal britânico The Mirror, que reuniu conselhos utilizados na hotelaria e em alojamentos de longa duração, facilmente adaptáveis à realidade portuguesa.
O segredo dos hotéis está na forma como seguram o calor
Em muitas unidades de alojamento, sobretudo nos segmentos médio e alto, o objetivo não é só aquecer o quarto, é garantir que o calor permanece lá dentro o máximo de tempo possível. De acordo com a empresa britânica Luxury Serviced Apartments, citada pelo The Mirror, técnicas simples de retenção de calor podem representar até cerca de 5 ºC a mais na sensação térmica dentro de casa, sem tocar no termostato.
Segundo os mesmos especialistas, esta filosofia é facilmente adaptável a apartamentos e moradias em Portugal, onde muitas casas não têm aquecimento central e dependem de aquecedores elétricos ou ar condicionado. Ao reduzir as perdas de calor, diminui-se o tempo em que os equipamentos precisam de estar ligados, com impacto direto na conta da luz.
Cortinas fechadas antes do pôr do sol
Uma das principais “fugas” de calor continua a ser a janela. Mesmo fechadas, as superfícies envidraçadas deixam escapar uma parte significativa do calor acumulado ao longo do dia. Especialistas em gestão de propriedades explicam que, em termos práticos, a simples rotina de fechar as cortinas antes do pôr do sol ajuda a travar essa perda de calor, sobretudo nas divisões mais expostas ao exterior.
Cortinas mais espessas, com forro ou tecidos pesados, criam uma espécie de barreira entre o ar frio junto ao vidro e o restante espaço. Ainda assim, mesmo modelos mais simples, já instalados em muitas casas portuguesas, contribuem para reduzir a sensação de corrente de ar junto às janelas, desde que sejam bem ajustados e cubram toda a superfície.
Camadas de roupa de cama em vez de um único cobertor
Nos quartos, os hotéis tendem a evitar a solução de um único edredão muito pesado. Em alternativa, recorrem a várias camadas mais finas de roupa de cama, desde mantas leves a cobertores e colchas decorativas. Segundo empresas do setor, esta sobreposição permite criar bolsões de ar entre as camadas, reforçando o isolamento sem aumentar significativamente o peso sobre o corpo.
Em casa, a lógica é a mesma. Em vez de depender apenas do edredão, pode começar por colocar uma manta térmica leve por baixo, junto ao lençol de cima, acrescentando depois um cobertor de lã ou uma manta polar na parte superior. Lençóis de flanela podem reforçar a sensação de aconchego nas noites mais frias, sobretudo em casas onde o quarto arrefece rapidamente durante a madrugada.
Tapetes e pavimentos: o frio que vem de baixo
O chão é outra fonte de desconforto térmico, em especial em divisões com pavimento cerâmico ou pedra, comuns em muitas habitações portuguesas pensadas para o calor do verão. Especialistas em conforto residencial recordam que um pavimento muito frio pode fazer a casa parecer mais fria do que realmente está, mesmo que o termostato indique uma temperatura aceitável.
A colocação de tapetes, sobretudo junto à cama ou em zonas de permanência prolongada, como a sala, ajuda a cortar essa sensação de frio que vem de baixo. Um tapete de pelo curto ou médio já é suficiente para reduzir a perda de calor por contacto com o chão e tornar o espaço mais agradável, sem qualquer consumo adicional de energia.
Móveis longe dos radiadores e aquecedores
Outro truque replicado a partir da hotelaria passa pela disposição dos móveis. Quando camas, sofás ou grandes aparadores ficam encostados a radiadores ou bloqueiam a saída de ar quente de aparelhos de climatização, parte significativa do calor fica “presa” atrás dos móveis. Segundo empresas de alojamento que gerem apartamentos mobilados, reorganizar o espaço para desobstruir estas fontes de calor é uma das primeiras intervenções a fazer no início do inverno.
Em casa, vale a pena verificar se sofás, cortinas demasiado compridas ou mobiliário pesado estão a impedir que o calor circule livremente. Pequenos ajustes, como afastar ligeiramente o sofá do radiador ou encurtar uma cortina que tape a grelha de saída de ar, podem melhorar a distribuição do calor pelas divisões. Sempre respeitando as normas de segurança, nomeadamente mantendo distância adequada entre equipamentos de aquecimento e materiais inflamáveis.
Poupar na fatura sem prescindir do conforto
Numa altura em que as faturas de eletricidade e gás continuam a pesar no orçamento familiar, estratégias de retenção de calor ganham relevância. Em vez de subir automaticamente o termostato ou de acrescentar mais um aquecedor, a recomendação de quem gere alojamento profissional passa por otimizar primeiro o uso de cortinas, roupa de cama, tapetes e móveis, como sublinhado nas recomendações reunidas pelo The Mirror.
Considerando estas sugestões, a combinação destes truques pode não substituir o aquecimento em dias de frio extremo, mas ajuda a prolongar o período em que a casa se mantém confortável depois de desligar os equipamentos. É uma forma de trazer para o dia a dia doméstico soluções discretas, testadas na hotelaria, que procuram equilibrar conforto e controlo de custos ao longo do inverno.
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