Quem estiver a pensar viajar para o Reino Unido deve redobrar os cuidados com o que leva na mala. O Governo britânico anunciou uma nova proibição à entrada de produtos alimentares provenientes da União Europeia, com o objetivo de impedir a propagação de um surto de febre aftosa detetado no continente.
A medida, que entrou em vigor em simultâneo com o novo sistema digital de controlo de fronteiras Entry/Exit System (ESS), prevê sanções de até 5.000 libras, cerca de 5.700 euros, para quem transportar alimentos proibidos, incluindo turistas e residentes britânicos que regressem de países europeus.
De acordo com o portal Wales Online, citado pelo jornal espanhol AS, a proibição aplica-se a todos os produtos de origem animal, independentemente de terem sido comprados em lojas isentas de impostos ou devidamente selados. As autoridades justificam a decisão com “motivos de biosegurança” e alertam que a vigilância nas alfândegas será reforçada.
O novo sistema ESS, que começa oficialmente a 12 de outubro, exigirá ainda a recolha de dados biométricos, incluindo impressões digitais, a todos os viajantes que entrem ou saiam do país. A implementação das duas medidas no mesmo período deverá aumentar significativamente os controlos fronteiriços.
Que alimentos estão proibidos?
Entre os produtos que já não podem ser levados para o Reino Unido encontram-se todos os tipos de queijo provenientes da União Europeia, sejam frescos, curados ou processados. Isto inclui variedades populares como brie, camembert, mozzarella, parmesão e manchego.
Os produtos de carne também estão na lista negra. Estão proibidos salames, chouriços, presuntos, patés e até carnes cozinhadas ou embaladas. A restrição abrange igualmente alimentos que contenham carne, como sanduíches, empadas e refeições prontas.
Os produtos lácteos seguem a mesma regra. Leite, manteiga, iogurtes, natas e qualquer derivado animal não podem entrar no país. O Reino Unido considera que até alimentos selados ou comprados em duty-free representam risco de contaminação.
Um risco que poucos conhecem
Jane Bolton, especialista em viagens da agência Erna Low, explicou ao Wales Online que “muitos viajantes acreditam que uma cuña de queijo local ou um pacote de enchidos comprados numa loja isenta de impostos são inofensivos”. Contudo, lembra, “as leis de biosegurança são claras: está proibida a introdução de carne e produtos lácteos vindos da União Europeia ou de regiões associadas”.
As restrições aplicam-se também a produtos compostos, como batidos, bolos ou saladas que contenham derivados de carne ou leite. As autoridades aduaneiras foram instruídas para confiscar e destruir qualquer alimento não permitido.
Para quem tiver dúvidas, o Governo britânico recomenda a consulta prévia das diretrizes oficiais de importação antes de fazer as malas. Todos os alimentos embalados comercialmente, mesmo os que não tenham sido abertos, estão incluídos na lista de proibição.
Multas pesadas e confusão nas fronteiras
As coimas, que podem chegar às 5.000 libras, aplicam-se mesmo a turistas que aleguem desconhecimento das novas regras. As autoridades afirmam que o objetivo não é penalizar, mas “proteger a saúde pública e a segurança alimentar do país”.
Com o reforço das medidas, espera-se também maior demora nas alfândegas e mais fiscalizações aleatórias em aeroportos e portos britânicos. Quem transportar qualquer produto de origem animal poderá ser sujeito a inspeção imediata.
Embora as restrições sejam temporárias, o Governo britânico não avançou com um prazo concreto para o levantamento da proibição, de acordo com o AS. As medidas permanecerão em vigor até que o surto esteja totalmente controlado e os riscos de transmissão eliminados.
A decisão foi recebida com surpresa por muitos viajantes europeus, habituados a transportar alimentos típicos como queijo, enchidos ou doces regionais nas viagens de regresso ao Reino Unido. Desta vez, porém, uma simples sanduíche pode custar uma multa de milhares de euros.
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