Uma nova medida aprovada no Parlamento Europeu promete alterar a forma como muitos produtos são identificados e vendidos em toda a União Europeia (UE), incluindo Portugal. O tema, que dividiu eurodeputados e gerou debate público, tem implicações diretas para quem produz e para quem consome.
De acordo com a RTP, o Parlamento Europeu aprovou na última quarta-feira, dia 8 de outubro, uma proposta que proíbe o uso de termos tradicionalmente associados a carne em produtos vegetarianos ou veganos. Caso a medida avance nas próximas fases legislativas, deixará de ser permitido o uso de designações, como “hambúrguer vegetariano”, “salsicha vegana” ou “bife de soja”.
Proteger agricultores e evitar confusões
A proposta foi aprovada com 355 votos a favor, 247 contra e 23 abstenções. Segundo a mesma fonte, a medida é justificada como uma forma de “proteger o setor agrícola europeu” e de garantir que o consumidor “não é induzido em erro” por designações consideradas ambíguas.
Entre os termos abrangidos estão “bife”, “escalope”, “salsicha”, “hambúrguer”, “panado”, “gema de ovo” e “clara de ovo”, reservando-se o seu uso exclusivamente a produtos que contenham carne ou ovos. “Uma salsicha é uma salsicha. A salsicha não é vegetariana”, afirmou o chanceler alemão Friedrich Merz, citado pela publicação, ao defender a clarificação das designações.
Críticas e divisões entre consumidores e ambientalistas
A medida não agradou a todos. Associações de defesa do consumidor e grupos ambientalistas contestaram a proposta, considerando que os consumidores “sabem distinguir claramente” entre produtos de carne e produtos vegetais.
Escreve a RTP que, para estas organizações, a decisão “é desnecessária e contraproducente”, podendo dificultar a promoção de alternativas alimentares mais sustentáveis.
Refere a mesma fonte que os críticos apontam também para o risco de travar a inovação num setor em crescimento e de limitar a comunicação das marcas junto do público que procura opções sem carne.
Precedente do “leite de aveia”
Conforme a estação pública recorda, a UE já aplica restrições semelhantes no setor dos laticínios. Termos, como “leite”, “manteiga”, “queijo” e “iogurte” estão reservados a produtos de origem animal, obrigando as bebidas vegetais a adotar designações, como “bebida de aveia” ou “bebida de amêndoa”.
Segundo a mesma fonte, a nova proposta segue esta mesma lógica de regulação, procurando uniformizar as designações e reduzir potenciais ambiguidades no mercado alimentar.
O que falta para a decisão ser definitiva
A proposta ainda terá de ser negociada com os governos dos Estados-Membros e com a Comissão Europeia antes de se tornar lei. Até lá, continua o debate entre quem considera a medida uma forma de proteger tradições alimentares e quem a vê como um entrave à evolução dos hábitos de consumo e à transição alimentar na Europa.
A discussão promete manter-se acesa e pode mudar, de forma silenciosa, o que os europeus leem nas etiquetas dos produtos quando vão às compras.
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