A Biblioteca Municipal de Loulé acolheu, no passado sábado à tarde, a apresentação do mais recente livro de Manuel Neto dos Santos, intitulado “Arbonaida ou Al-Kadar”. Depois de ter sido oficialmente apresentado em Marrocos e em Sevilha, no âmbito de um evento cultural internacional, esta foi a primeira vez que a obra foi divulgada em território nacional, despertando a curiosidade de inúmeros leitores e entusiastas da literatura algarvia.
A cerimónia de apresentação esteve a cargo de José Mendes Bota, antigo parlamentar e diplomata da União Europeia, que sublinhou a relevância de trazer esta obra para o Algarve, região natal do autor. Manuel Neto dos Santos, reconhecido poeta e escritor, tem vindo a destacar-se pela produção literária que frequentemente aborda temas ligados às raízes culturais e históricas do Sul de Portugal. No caso de “Arbonaida ou Al-Kadar”, o autor propõe uma reflexão sobre a herança árabe na Península Ibérica, explorando pontes entre culturas e tradições, num texto que combina poesia, história e um profundo respeito pelo património comum ibero-magrebino.
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Na crónica assinada por Mendes Bota na presente edição do Postal do Algarve, o antigo parlamentar alerta para aquilo a que chama “uma espécie de xenofobia invertida”, lamentando que a Universidade do Algarve não valorize devidamente os autores regionais. Referindo-se especificamente a Manuel Neto dos Santos, aponta que o poeta “é um alcantarilhense por nascimento, algarvio por herança, árabe na alma e poeta por vocação” e sublinha o facto de ser nas Universidades de Sevilha e Cádiz que este tem encontrado maior acolhimento académico. Para Mendes Bota, o autor representa “um mestiço do interculturalismo, um construtor de pontes entre as margens do Al-Andaluz e do Norte de África”.
A obra “Arbonaida ou Al-Kadar” surge em edições bilingues e trilingues, reforçando o carácter universal da poesia de Manuel Neto dos Santos. Segundo o próprio escritor, citado por Mendes Bota, o livro é “compilação de mundividências, de sonhos, esperanças e desesperos” que confluem num espaço geocultural marcado pela herança árabe-andalusa e pela identidade algarvia. O título combina o termo andaluz “Arbonaida” – “pequena pátria”, como referia Blás Infante – com “Al-Kadar”, traduzido como “vontade divina” ou “fado”.
O evento, que contou com a presença de leitores locais, investigadores e outros interessados na temática, teve como propósito fomentar o diálogo em torno da importância de preservar a memória partilhada entre Portugal, Marrocos e a região de Andaluzia, evidenciando as influências mútuas que moldaram a identidade cultural destes povos.
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