As burlas no homebanking estão a tornar-se cada vez mais sofisticadas e difíceis de detetar. Entre as técnicas mais recentes de burla digital utilizadas por grupos criminosos destaca-se o pharming, um método que manipula páginas legítimas de bancos online para enganar os utilizadores. A Polícia Judiciária (PJ) já abriu mais de dois mil inquéritos relacionados com crimes informáticos deste tipo, segundo avançou o jornal Público.
Como funciona o pharming
De acordo com a mesma fonte, nos últimos dois anos foram registados 2.181 inquéritos ligados a esquemas de phishing, sendo que em 509 deles houve acesso fraudulento a contas bancárias. O pharming insere-se neste universo, mas apresenta um nível de sofisticação maior.
Neste esquema, os criminosos instalam software malicioso em computadores ou telemóveis, que lhes permite sobrepor janelas falsas a páginas reais de homebanking. O utilizador acredita estar num ambiente seguro, insere dados de acesso e códigos de validação, mas está na verdade a entregar informação sensível diretamente a quem pretende realizar transferências indevidas.
Reforço da literacia digital
Perante o aumento destas situações, a PJ sublinha a necessidade de investir em literacia digital e recomenda uma vigilância redobrada sempre que se utilizam plataformas bancárias online. Explica ainda que os utilizadores devem estar atentos a sinais como janelas suspeitas, mensagens de erro invulgares ou pedidos repetidos de dados de acesso.
A Associação Portuguesa de Bancos (APB) também tem procurado sensibilizar a população para estes riscos. Com a campanha “Não passes cartão à fraude”, que arrancou esta semana em televisão, rádio e meios digitais, a APB quer educar os diferentes públicos sobre as principais tipologias de fraude, incluindo phishing, spoofing e usurpação de identidade.
Uma campanha nacional de alerta
Segundo a APB, a fraude “evolui e reinventa-se constantemente”. O presidente da associação, Vítor Bento, destacou em comunicado que o setor tem reforçado o investimento em tecnologias de proteção e segurança, mas que a colaboração dos utilizadores continua a ser essencial.
A campanha recorre a exemplos reais, próximos da experiência de jovens e idosos, e insiste em medidas preventivas como verificar sempre a origem dos links recebidos, não partilhar dados pessoais ou bancários e confirmar previamente a autenticidade dos contactos.
A visão do regulador
Dados do Banco de Portugal, citados pela APB, revelam que a maioria das transações eletrónicas realizadas em Portugal é segura, estando a fraude abaixo da média registada no Espaço Económico Europeu. Ainda assim, o regulador considera importante manter uma postura de prevenção permanente para que o sistema financeiro não perca a confiança dos consumidores.
Uma ameaça em constante mutação
A ameaça do pharming mostra como as burlas digitais estão a evoluir para além dos esquemas de phishing tradicionais. Ao criar páginas falsas sobrepostas às originais, os criminosos conseguem enganar mesmo utilizadores atentos. Especialistas recomendam que, sempre que haja dúvidas, se encerre a sessão e se entre em contacto direto com o banco através de canais oficiais.
Com os inquéritos da PJ a multiplicarem-se e os bancos a reforçarem as campanhas de sensibilização, a mensagem é clara: a fraude está cada vez mais sofisticada e a melhor defesa continua a ser a informação e a prevenção.
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