Com 100 anos de idade, Albertina Madeira continua à frente do jornal Ecos da Serra, de Alte, e não tem planos de se aposentar. Para Albertina, a paixão pela sua terra e o desejo de partilhar as notícias da serra algarvia com o mundo são motivos suficientes para continuar a sua dedicação ao jornalismo.
O jornal tornou-se num elo vital entre a comunidade de Alte e os filhos e netos da aldeia que se espalharam pelos quatro cantos do mundo. Ao longo dos anos, Albertina viu o jornal evoluir e crescer, e conta com uma equipa de mais de 10 voluntários dedicados que trabalham incansavelmente para produzir o jornal bimestral informativo da freguesia.
Embora tenha alcançado a marca impressionante dos 100 anos de idade, Albertina ainda desempenha um papel ativo na redação do jornal.
“Gosto que haja coisas boas na minha terra; uma delas é o jornal, nem todas as aldeias têm um jornal.”, começa por dizer, em declarações à Antena 1.
“Eu sou a diretora, e agora com 100 anos, já só sirvo para quando vem a edição final do jornal, emendar alguma coisa caso seja necessário”, continuou.
O “Ecos da Serra” foi fundado em 1967 por voluntários do “Grupo de Amigos de Alte”, com o apoio da autarquia local. O jornal surgiu como uma resposta ao desejo de manter a conexão com os soldados locais durante a Guerra do Ultramar.
A irmã de Albertina, Maria de Lurdes Palmeira, uma professora primária, teve a ideia de criar o jornal para compartilhar notícias da comunidade com esses mesmos soldados.
Maria Amélia é uma das mais antigas voluntárias. “São 800 jornais que saem bimestralmente, portanto praticamente, na Europa, vão para todos os países”, conta à mesma rádio.
Embora Albertina não tenha filhos ou netos para continuar seu legado no jornal, ela está determinada a continuar à frente do Ecos da Serra enquanto puder.
A sua dedicação incansável ao jornalismo e à sua comunidade é uma inspiração para todos que valorizam a importância do património local e da comunicação comunitária.
Receber cartas de leitores satisfeitos, mesmo daqueles que residem do outro lado do mundo, é um lembrete constante para Albertina de que o seu trabalho é apreciado e valorizado.
“São os votos de amizade desta amiga e leitora do nosso Ecos da Serra. Fiquem bem hoje, e sempre”, lê Albertina a mensagem recebida por correio de uma leitora, carta essa que chegou da Austrália.
Com o seu espírito resiliente e o amor pela sua terra, Albertina Madeira é um exemplo notável de como o jornalismo pode transcender gerações e continuar a desempenhar um papel vital na preservação da história e da cultura local.
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