Muitas pessoas sonham em ganhar a lotaria, ter uma casa de sonho ou um emprego bem pago com poucas horas de trabalho. São desejos comuns, mas que raramente se concretizam. Ainda assim, há casos que fogem à regra. Um deles é o de uma jovem australiana que, com apenas 22 anos, conseguiu alcançar estabilidade financeira com um trabalho pouco convencional, exigente, mas surpreendentemente gratificante.
Um trabalho que ninguém espera
Charlotte Bosanquet disse num vídeo, na aplicação TikTok, que ganha 3745 dólares australianos por semana, o que equivale a aproximadamente 9.000 euros por mês, trabalhando apenas cinco horas por dia, de segunda a sexta-feira, na Austrália. O que chama a atenção não é só o rendimento ou o horário, mas a profissão em si. Charlotte é especialista em limpezas profundas e iniciou a sua atividade ainda na universidade, quando procurava uma forma de cobrir as despesas com os estudos.
O que começou como uma tarefa prática tornou-se uma verdadeira paixão, refere a Infobae. Segundo a jovem de 22 anos, transformar casas desorganizadas e sujas em espaços habitáveis e acolhedores dava-lhe um sentimento de realização que não esperava encontrar numa simples limpeza.
Muito mais do que um pano e detergente
Rapidamente, Charlotte percebeu que havia uma necessidade real por este tipo de serviço. Mas o que distingue o seu trabalho de outros do mesmo género é o público a que se dirige: pessoas que sofrem de problemas de acumulação compulsiva. Estes casos requerem um cuidado extremo, tanto físico como psicológico, uma vez que os ambientes são muitas vezes insalubres e emocionalmente carregados.
Hoje, Charlotte lidera uma pequena empresa chamada Care Cleaning Services Syd, na Austrália, com nove funcionários, todos dedicados a este tipo de intervenção, adianta a mesma fonte. O sucesso da sua atividade permitiu-lhe montar o seu próprio negócio, mas também impôs novos desafios, como a gestão de equipa e a organização logística.
Uma jornada exigente e desafiante
Apesar de trabalhar apenas cinco horas por dia, Charlotte explica que o desgaste físico e emocional justifica a carga horária reduzida. As intervenções são muitas vezes intensas e, por vezes, requerem dias para completar. Máscaras, luvas, sacos de lixo e uma grande dose de paciência são as ferramentas essenciais, segundo a Infobae.
O trabalho exige também uma enorme capacidade de empatia. Segundo Charlotte, não basta limpar; é preciso compreender quem vive naquele espaço e respeitar as razões que os levaram àquele ponto. Por isso, defende que este não é um trabalho que qualquer pessoa consiga fazer, mesmo que à partida pareça simples.
Ajuda paga… e gratuita
Embora o serviço seja bem pago, Charlotte também presta ajuda de forma totalmente gratuita. Quando se depara com casos de pessoas em situação de carência económica, não hesita em oferecer os seus serviços sem cobrar um cêntimo. “É incrível a sensação que se tem ao ajudar quem se sente preso ao seu próprio espaço”, afirma.
Segundo a fonte supracitada, para ela, o valor do trabalho vai muito além do dinheiro. Limpar estas casas representa uma forma de devolver dignidade a quem vive em ambientes marcados pelo abandono. Cada casa transformada é também, de certa forma, uma vida que começa a mudar.
Uma missão pessoal com impacto social
Charlotte sublinha que a saúde mental está na base de muitos destes casos. Acumular objetos ou viver no caos nem sempre é uma escolha consciente, mas antes o reflexo de perturbações emocionais profundas. Por isso, considera essencial evitar julgamentos e abordar cada situação com sensibilidade.
O seu trabalho tornou-se, assim, numa missão com um forte impacto social. Para além de limpar casas, ajuda pessoas a reorganizar as suas vidas, a recuperar autoestima e a reencontrar um espaço onde possam viver com mais tranquilidade.
Quando ajudar também cura
A jovem, de apenas 22 anos, garante que este trabalho, embora desafiante, também a tem ajudado pessoalmente. “É uma forma de deixar para trás os meus próprios pensamentos e preocupações”, explica, citada pela mesma fonte. Ao centrar-se no bem-estar dos outros, sente que ganha uma nova perspetiva sobre os seus próprios problemas.
A rotina diária de Charlotte é, portanto, feita de muito mais do que detergentes e esfregões. É um processo terapêutico, tanto para quem recebe a ajuda como para quem a presta. E isso talvez explique por que razão, apesar das dificuldades, garante que não troca esta atividade por nenhuma outra. Pode consultar o site oficial da empresa da jovem de 22 anos aqui.
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