A descarga da bateria é apenas um dos vários problemas que podem surgir quando se mantém um carro parado durante longos períodos. A inatividade prolongada contribui para a degradação de componentes mecânicos e, em certos casos, pode até resultar em contraordenações de valor significativo.
“As baterias descarregam naturalmente quando o veículo não circula”, explica o Automóvel Club de Portugal (ACP), sublinhando que ligar o motor e percorrer alguns quilómetros de tempos a tempos continua a ser a forma mais simples de evitar um arranque falhado.
Combustível e condensação no depósito
Estacionar durante semanas com o depósito quase vazio favorece a formação de condensação. A água acumulada mistura-se com a gasolina ou o gasóleo e pode provocar falhas de ignição ou corrosão nos injetores. O ACP recomenda atestar antes de um parqueamento prolongado para prevenir este problema.
Travão de estacionamento colado
Outro risco negligenciado é deixar o travão de mão permanentemente puxado. Passados alguns dias, as pastilhas podem colar-se aos discos, exigindo intervenção oficinal e, em situações extremas, substituição de componentes de travagem.
Inspeção Periódica Obrigatória fora de prazo
Caso a inspeção caduque enquanto o carro permanece parado, basta levá-lo para a via pública para incorrer numa contraordenação grave, punível com coima entre 250€ e 1.250€, nos termos do artigo 116.º, n.º 3 do Código da Estrada.
Pneus com perda de pressão e deformações
Com o peso concentrado no mesmo ponto, os pneus perdem pressão e podem desenvolver zonas achatadas. Circular nestas condições constitui infração ao artigo 114.º, n.º 5 e 6 do Código da Estrada, que prevê coimas de 250€ a 1.250€ por circulação com pneus em mau estado.
Falta de seguro obrigatório
Mesmo com o carro parado, tem de manter o seguro de responsabilidade civil ativo. Circular sem esta cobertura representa uma contraordenação muito grave, prevista no artigo 85.º, n.º 3 do Decreto-Lei n.º 291/2007, sancionada com coima de 500€ a 2.500€.
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Ferrugem nos discos de travão
A humidade acumulada favorece a oxidação da superfície dos discos, gerando ruído e perda de eficácia na primeira travagem. Conduzir alguns quilómetros é, regra geral, suficiente para remover ferrugem superficial, mas ignorar o sintoma acelera o desgaste.
Fluidos e lubrificação interna
Manter o motor inativo durante semanas permite que o óleo escorra totalmente para o cárter, deixando componentes sem película protetora. Colocar o automóvel a trabalhar e percorrer pequenas distâncias faz circular o lubrificante e evita que retentores ressequem.
Antes de voltar à estrada, confirme bateria, nível de combustível, estado do travão de estacionamento, validade da inspeção, pressão dos pneus e existência de seguro. São verificações de poucos minutos que podem evitar avarias dispendiosas e multas que, no cenário mais grave, chegam aos 2.500€, especialmente quando estão em causa infrações cumulativas, tal como explica o ACP.
A legislação não pune diretamente uma bateria descarregada, mas descuidar-se destes detalhes pode imobilizar o veículo em plena via e obrigar à remoção forçada, com custos adicionais que facilmente ultrapassam qualquer manutenção preventiva.