As temperaturas elevadas previstas para os próximos dias, com máximas acima dos 40 °C em várias regiões do país, levantam preocupações que vão além do desconforto térmico. De acordo com o Automóvel Club de Portugal (ACP), o carro é dos principais afetados pelas vagas de calor extremo, sendo o sobreaquecimento do motor e o desgaste prematuro de componentes dois dos riscos mais comuns.
Para minimizar os danos, o ACP divulgou um conjunto de recomendações práticas dirigidas aos condutores. Grande parte das medidas tem custo nulo ou reduzido, mas pode evitar reparações dispendiosas. Em certos casos, ignorar os sinais pode representar uma fatura superior a seis mil euros.
Evite a exposição direta ao sol
Segundo o ACP, estacionar o carro à sombra é a primeira defesa contra o calor. Quando isso não é possível, o uso de um pára-sol refletor e de cortinas retrácteis nas janelas pode reduzir significativamente a temperatura do habitáculo. A exposição prolongada deteriora plásticos, resseca borrachas e pode provocar falhas em componentes eletrónicos sensíveis.
Refrescar antes de ligar o motor
O calor acumulado dentro do veículo aumenta o esforço exigido ao sistema de ar condicionado. Por isso, recomenda-se abrir portas e janelas durante alguns minutos antes de ligar o motor. Em carros elétricos, o ACP aconselha o uso da função de pré-climatização enquanto o veículo ainda está a carregar, evitando assim o consumo desnecessário da bateria.
Atenção ao sistema de refrigeração
Manter o nível correto do líquido de refrigeração é essencial para evitar sobreaquecimentos. Em caso de falha da junta da cabeça do motor, um dos danos mais frequentes em dias quentes, a reparação pode custar entre 500 e 1 500 euros, conforme valores da loja online Oscaro. O componente em si custa entre 40 e 80 euros, sendo o restante valor referente à mão-de-obra.
Não ande com o depósito na reserva
Segundo o catálogo da Autodoc, circular com pouco combustível pode arrastar impurezas para o sistema de injeção, comprometendo a bomba. A substituição deste componente, incluindo mão-de-obra, ronda os 250 a 350 euros. Só a peça custa entre 70 e 170 euros, dependendo do modelo.
Abastecer e carregar em horas mais frescas
Abastecer nas horas de menor calor é uma forma simples de melhorar a eficiência. O combustível é mais denso com temperaturas mais baixas, o que favorece a combustão. Em veículos elétricos, o carregamento ideal ocorre entre os 15 °C e os 35 °C. Substituir uma bateria de 50 kWh custa atualmente cerca de 6.000 euros, avança o portal Supercarros24.
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Evitar carregar até aos 100%
Muitos fabricantes recomendam limitar o carregamento entre os 20% e os 80% durante o verão. Esta prática reduz o aquecimento interno da bateria e prolonga a sua vida útil. Sistemas modernos já permitem definir limites automáticos de carregamento.
Condução suave em dias quentes
Conduzir de forma progressiva evita picos de aquecimento e reduz o desgaste do sistema de refrigeração. O radiador, por exemplo, pode custar entre 200 e 600 euros, incluindo peça e instalação. A peça isolada varia entre 42 e 363 euros, segundo o site Autodoc.
O compressor do ar condicionado também está entre os componentes sensíveis ao calor. Uma falha no rolamento ou no vedante pode traduzir-se numa fatura de 250 a 600 euros.
Painel de instrumentos pode não resistir
A temperatura dentro do carro pode afetar diretamente o painel de instrumentos. A empresa Ractronicos, especializada em reparação eletrónica automóvel, estima o custo da intervenção entre os 150 e os 300 euros, consoante a avaria.
Mais vale prevenir do que pagar a reparação
De acordo com dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, registaram-se mais de 57 000 acidentes nos primeiros cinco meses do ano. Prevenir falhas mecânicas, sobretudo em contexto de calor extremo, é também uma forma de segurança rodoviária.
Verificar fluidos, proteger o habitáculo do calor e adotar uma condução mais suave são medidas simples que podem evitar dias sem carro, e contas avultadas na oficina. Tal como o corpo humano, o automóvel também precisa de proteção extra quando os termómetros disparam.