Nos dias de chuva intensa, conduzir torna-se um verdadeiro desafio. A visibilidade reduz-se, o comportamento do pavimento altera-se e cada curva exige maior atenção. Há, porém, um fenómeno menos visível, mas potencialmente perigoso, que pode transformar um percurso habitual numa situação de risco: a aquaplanagem.
Ocorre quando os pneus perdem contacto com o asfalto devido à acumulação de água na superfície, retirando ao veículo a capacidade de aderência e resposta. Com atenção e manutenção adequada, é possível reduzir significativamente este risco.
O que é a aquaplanagem
De acordo com o Automóvel Clube de Portugal (ACP), site especializado em segurança rodoviária, a aquaplanagem acontece quando uma camada de água se forma entre os pneus e o pavimento, impedindo que o ar e a água sejam devidamente escoados pelos sulcos da borracha. Sem contacto direto com o solo, o carro perde tração e desliza, tornando-se difícil de controlar. Este fenómeno é influenciado por diversos fatores, incluindo a profundidade da água na estrada, a velocidade do veículo e o estado dos pneus.
Um estudo do Observatório de Segurança de Estradas e Cidades em Portugal explica que, quando a profundidade da água supera a capacidade de drenagem dos pneus e a velocidade ultrapassa o chamado limite crítico, o veículo começa a perder totalmente a aderência. Nesse momento, qualquer manobra brusca pode agravar a situação e aumentar o risco de despiste.
Por que acontece e quando o risco aumenta
O risco de aquaplanagem aumenta em estradas com deficiências de drenagem, pavimento gasto ou acumulação de água. Pneus em mau estado, pressão incorreta e velocidades elevadas são fatores que aumentam a probabilidade de perda de tração. Mesmo a velocidades moderadas, entre 70 e 80 km/h, o fenómeno pode ocorrer se as condições forem desfavoráveis.
Além disso, após períodos longos de seca, óleo e pó acumulados na estrada podem misturar-se com a primeira chuva, tornando a superfície ainda mais escorregadia. Esta combinação reduz drasticamente a capacidade de controlo do veículo, mesmo para condutores experientes. Em pavimentos pouco mantidos, o risco é ainda mais elevado.
Como reagir e prevenir
Evitar a aquaplanagem começa antes de se ligar o motor. É fundamental manter os pneus em bom estado, com sulcos visivelmente profundos e, idealmente, superiores a três milímetros para garantir uma melhor drenagem da água. Verificar regularmente a pressão recomendada pelo fabricante e optar por pneus adequados às condições meteorológicas contribui para maior segurança.
Durante a condução, reduzir a velocidade em dias de chuva, evitar o uso do cruise control e manter uma distância de segurança superior à habitual ajuda a minimizar o risco. Caso o veículo entre em aquaplanagem, o condutor deve aliviar o acelerador e evitar movimentos bruscos no volante, permitindo que o carro recupere gradualmente o contacto com o asfalto.
Um alerta para quem conduz
O fenómeno da aquaplanagem é mais comum do que se imagina e pode ocorrer mesmo em estradas aparentemente seguras.
Vias com drenagem deficiente ou pavimento desgastado apresentam velocidades críticas de aquaplanagem muito inferiores às esperadas, o que reforça a importância de ajustar o estilo de condução às condições do momento e manter uma vigilância constante em dias de chuva intensa.
Segundo o ACP, a combinação entre manutenção regular, pneus adequados e condução prudente é a melhor forma de evitar este perigo. A segurança na estrada começa muito antes da primeira gota de chuva e depende, em grande parte, das escolhas e da atenção do condutor.
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