São muitos os condutores que adiam revisões ou esquecem prazos de manutenção recomendada. Mas, em certos casos, essa negligência pode sair mais cara do que se imagina. Entre as várias avarias possíveis num automóvel, há uma cuja origem é fácil de evitar, e cujo impacto pode chegar aos 11.000 euros. O alerta é do clube automóvel espanhol RACE, que reuniu as reparações mais dispendiosas e os erros que as antecedem.
O elemento em causa é a correia de distribuição, uma peça essencial para o funcionamento sincronizado do motor do automóvel. Apesar de custar apenas algumas centenas de euros, a sua substituição dentro do prazo estipulado pode ser o que separa um simples agendamento de oficina de uma falência técnica.
A peça que custa pouco, mas pode estragar tudo
De acordo com o RACE, a correia de distribuição deve ser trocada segundo os prazos definidos por cada fabricante. Atrasos nesta substituição podem provocar a sua ruptura, o que leva a danos em cadeia em várias partes do motor.
Embora o custo médio da correia ronde os 350 a 450 euros, os danos provocados pela sua falha podem multiplicar esse valor por vinte.
Escreve o RACE que esta avaria é especialmente crítica por não apresentar sinais claros antes de ocorrer. Quando parte, a correia pode danificar válvulas, pistões, árvores de cames e, em cenários mais graves, até a caixa de velocidades.
Reparações que ultrapassam os cinco dígitos
Segundo o mesmo relatório, a substituição de uma caixa de velocidades danificada pode custar entre 7.000 e 11.000 euros, incluindo peças e mão de obra especializada.
Trata-se, geralmente, de intervenções com 9 a 11 horas de trabalho técnico intensivo, em sistemas de elevada complexidade.
Já o motor “gripado”, resultado de sobreaquecimento e falha de lubrificação, implica cerca de 16 horas de trabalho e pode representar uma factura de 5.300 euros. Nestes casos, o carro entra muitas vezes em avaliação para possível abate.
Junta da cabeça: um erro térmico que pesa na conta
Outro componente vulnerável a falhas associadas ao aquecimento é a junta da cabeça do motor. A sua reparação, motivada muitas vezes por negligência no sistema de refrigeração, representa um custo de até 5.000 euros, com destaque para as longas horas de intervenção.
Este tipo de falha é evitável com atenção a sinais como fumo branco, sobreaquecimento frequente ou perda de potência. Mas uma verificação simples dos níveis de líquido de refrigeração pode evitar danos maiores.
A centralina e o risco silencioso da electrónica
A unidade de controlo do motor, também conhecida como centralina, é outro dos componentes dispendiosos. Em caso de falha, pode ser necessário substituir todo o sistema, com custos que chegam aos 3.000 euros, segundo a mesma fonte.
Embora as causas sejam variadas, desde curto-circuitos a falhas de sensores, a manutenção de sistemas elétricos e a atualização adequada do software são essenciais para evitar surpresas.
A manutenção como prevenção de desastre
O relatório do RACE reforça que a grande maioria destas avarias pode ser evitada com uma manutenção preventiva eficaz.
O cumprimento rigoroso dos prazos definidos pelo fabricante, sobretudo no que diz respeito à correia de distribuição, é uma das formas mais seguras de evitar facturas que ultrapassam os cinco mil euros.
Segundo a mesma fonte, muitos condutores só reagem quando os sinais de avaria são evidentes, o que, nesta área, costuma ser já demasiado tarde.
Quando arranjar deixa de compensar
Em casos mais graves, os custos de reparação aproximam-se ou ultrapassam o valor de mercado do próprio veículo. Nesses cenários, a decisão mais racional passa, muitas vezes, por não reparar. O carro, ainda funcional em aparência, torna-se um prejuízo irrecuperável.
Evitar esse ponto de não-retorno está, na maioria dos casos, ao alcance de qualquer proprietário de automóvel atento. Tudo começa por um simples agendamento, e por não ignorar aquele prazo que vem inscrito no manual de manutenção.
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