Assinalando-se esta quarta-feira, dia 22 de março, o DIA MUNDIAL DA ÁGUA, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1993, o GAMP – Grupo de Amigos do Museu de Portimão pretende, através desta sua 1ª tertúlia de 2023, promover uma reflexão sobre questões relacionadas com os nossos recursos e património hídricos, a sua sustentabilidade, uma mais equilibrada distribuição e democrática acessibilidade, informou hoje a organização em comunicado.
Aproveitando a oportuna exposição “AQUEDUTOS DE PORTUGAL”, em exibição no Museu de Portimão até 26 de março, o GAMP convidou o seu autor, o museólogo e conservador do Museu da Água, Pedro Inácio, tendo igualmente convidado o arquiteto paisagista Gonçalo Gomes, para um contributo sobre a realidade algarvia, nesta temática da água.
Neste contexto será evidenciado pelo museólogo Pedro Inácio, este singular conjunto de monumentos, assim como algumas das especificidades relacionadas com as práticas de utilização de água, para consumo humano, desde os romanos até aos nossos dias.

A sua comunicação “Aquedutos, da obra antiga aos monumentos históricos”, procurará evidenciar os diferentes tipos de aquedutos, atualmente localizados em diversos países na orla mediterrânica, muitos dos quais construídos pelos romanos há mais de dois mil anos.
Séculos mais tarde e através da herança cultural romana, assente no conhecimento de técnicas avançadas, aplicadas à arquitetura e engenharia hidráulica foram edificados, a partir do século XVI, extraordinários aquedutos em Portugal.
Estas obras antigas, que permitiram reforçar o abastecimento de água em muitas das vilas e cidades portuguesas, são hoje monumentos históricos de grande valor e significado no domínio do Património Cultural da Água.

Por sua vez, o arquiteto paisagista Gonçalo Gomes apresentará o Algarve como uma região onde, mais do que haver pouca água, existem muitas e justificadas dúvidas quanto ao seu (re)abastecimento, fundadas na incerteza da quantidade e distribuição da precipitação, um padrão que decorre do contexto climático mediterrânico, ao qual se junta o efeito ampliador do actual ciclo de alterações climáticas.
Na sua perspetiva, num quadro em que é necessário gerir interrogações, o Algarve é pleno de certezas relativamente à água que não há, que gere como se tivesse avonde, com uma displicência transversal, em nada consentânea com um recurso limitado. Em vez de ajustar as suas necessidades às disponibilidades, o Algarve, segundo Gonçalo Gomes, tem trilhado um rumo de procura de disponibilidades que cubram as crescentes necessidades que vai criando, num contexto de cada vez menos chuva.
“Ou seja”, segundo a organização, “aposta numa jogada a crédito ambiental que tem tudo para correr mal, e cada vez pior. Não apenas no que diz respeito ao consumo humano directo, mas também na perspectiva ecológica da água e das suas funções na paisagem”.
A finalizar o comunicado, a organização deixa a seguinte questão: “Será que acreditamos que somos capazes de liofilizar o Algarve?”
