A cadeia hoteleira Meliá, a maior de Espanha, anunciou um novo plano para atrair e reter trabalhadores sazonais: a compra de propriedades para garantir alojamento aos seus funcionários. A medida surge como resposta à crise habitacional que afeta destinos turísticos de grande procura, onde os elevados preços do arrendamento dificultam a permanência de trabalhadores no setor.
Investimento em alojamento para funcionários
O CEO da Meliá, Gabriel Escarrer, revelou que a empresa adquiriu um antigo albergue na ilha de Menorca e pretende expandir a iniciativa para outras localizações, como Ibiza, Maiorca e as Ilhas Canárias.
Estas regiões, de grande afluência turística, são também as mais rentáveis para o grupo. No entanto, os elevados custos habitacionais têm criado dificuldades no recrutamento e na retenção de pessoal.
A decisão de investir em alojamentos próprios é justificada pela necessidade de garantir estabilidade e qualidade de vida aos funcionários, permitindo-lhes permanecer nas áreas turísticas durante a época alta sem o peso do custo habitacional.
Segundo Escarrer, apenas “pagar bem” já não é suficiente para reter talentos, sendo essencial oferecer condições que facilitem a permanência no emprego.
Escassez de mão de obra no setor hoteleiro
A cadeia hoteleira anunciou recentemente um plano para contratar 1.800 trabalhadores, prevendo que 2024 possa ser o melhor ano do setor, com a chegada de mais de 100 milhões de turistas estrangeiros a Espanha.
No entanto, a falta de habitação acessível tem sido um obstáculo ao preenchimento de vagas, especialmente em destinos onde a procura turística pressiona o mercado imobiliário.
A crise habitacional e o aumento dos custos de vida levaram a uma disparidade entre os salários do setor e o custo do alojamento.
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A confederação sindical Comissões Operárias (CCCO) apontou que, enquanto os salários dos trabalhadores da hotelaria aumentaram 3% em 2023, as rendas subiram, em média, 11,5% este ano.
Outras iniciativas no setor
A Iberostar, outra grande cadeia hoteleira, adotou uma solução semelhante, oferecendo alojamento gratuito em destinos com oferta habitacional escassa.
Já a Confederação Espanhola de Hotéis e Alojamentos Turísticos (CEHAT) alertou que nem todas as empresas podem arcar com os custos de fornecer habitação aos trabalhadores.
Além do investimento em habitação, a Meliá também aposta na formação de novos profissionais através de parcerias com instituições de ensino.
O objetivo é preparar mão de obra qualificada nos destinos turísticos que enfrentam maior dificuldade em preencher vagas.
A decisão do grupo Meliá reflete uma tendência crescente no setor hoteleiro, onde as empresas procuram soluções inovadoras para reter trabalhadores num mercado cada vez mais competitivo.
O impacto desta estratégia poderá definir novos padrões na indústria, especialmente em destinos onde o custo de vida dificulta o recrutamento de profissionais qualificados.
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