O Algarve pode estar à beira de uma revolução nos transportes ferroviários que promete encurtar distâncias e reacender sonhos de conectividade, com comboios noturnos entre a Galiza e o Algarve.
A CP – Comboios de Portugal lançou um ambicioso plano que inclui a contratualização de estudos de procura para serviços regionais e a análise de comboios noturnos entre a Galiza e o Algarve, bem como ligações internacionais a Salamanca. Esta iniciativa, revelada esta semana pela Lusa, reacende a esperança de um Algarve mais integrado, não só com o resto do país, mas também com o sul da Europa.
Algarve no centro das atenções
No coração deste projeto está o quarto lote de estudos, dedicado à Linha do Algarve. A CP quer avaliar a procura potencial de transporte regional e de longo curso, com cenários que incluem uma oferta regional reforçada entre Tavira e Faro, comboios de longo curso entre Lisboa e Vila Real de Santo António, Porto-Lisboa-Faro e Lisboa-Lagos, e até uma ligação interregional entre Faro e Lagos. Mas o destaque vai para a proposta emocionante de comboios noturnos Faro-Corunha, com opções de lugares sentados e camas, aproximando o Algarve da Galiza numa viagem que une conforto e sustentabilidade.
“Imaginar uma noite a bordo, partindo de Faro e acordando na Galiza, é algo que pode mudar a forma como vemos as nossas ligações ao mundo”, reflete um residente de Tavira, captando o entusiasmo que este plano desperta na região. Além disso, o estudo considera comboios de alta velocidade entre Braga e Vila Real de Santo António, potenciando o corredor internacional Sul com ligações como Faro-Elvas.
Um olhar para o futuro
Os estudos, contratados à consultora Trenmo, abrangem um horizonte de 30 anos e analisam a evolução socioeconómica, infraestruturas e oferta de serviços ferroviários. No Algarve, a melhoria da Linha do Algarve é vista como essencial para responder ao fluxo turístico e às necessidades dos residentes, numa região onde o transporte público ferroviário tem sido historicamente subaproveitado. A possibilidade de comboios noturnos e de alta velocidade promete não só facilitar o acesso, mas também atrair novos visitantes e dinamizar a economia local.
Contexto nacional e internacional
O plano da CP inclui quatro lotes de análise. Além do Algarve, o primeiro lote foca a Linha do Minho, com comboios internacionais Lisboa-Porto-Corunha e a ligação ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro; o segundo abrange o troço Porto-Entroncamento, com oferta noturna Lisboa-Porto; e o terceiro analisa as linhas da Beira Alta e Beira Baixa, com ligações a Salamanca. No Algarve, a visão é clara: criar uma rede que una a região ao país e à Europa, aproveitando a futura linha de alta velocidade Porto-Lisboa, prevista para estar parcialmente concluída em 2030.
Desafios e expectativas
Embora o projeto seja promissor, a sua concretização depende de financiamento e da resolução de questões judiciais relacionadas com a encomenda de 117 novos comboios, incluindo 55 automotoras regionais. No Algarve, onde a dependência do automóvel ainda predomina, a modernização da Linha do Algarve e a introdução de serviços inovadores como os comboios noturnos podem ser um ponto de viragem. “É um sonho que queremos ver em movimento”, afirma um autarca algarvio, sublinhando a importância de ligar o sul ao norte de Portugal e além-fronteiras.
Um Algarve mais conectado
Com a primeira fase da alta velocidade (Porto-Soure) prevista para 2030 e a ligação Porto-Vigo em 2032, o Algarve poderá beneficiar de um efeito cascata, tornando-se um destino mais acessível a partir de Espanha e do norte do país. A ideia de acordar em Faro após uma viagem noturna desde a Galiza, ou partir de Tavira para Lisboa num comboio rápido, é um vislumbre de um futuro que os algarvios anseiam há décadas. Este estudo da CP é mais do que um plano técnico – é uma promessa de união, mobilidade e renovação para o Algarve e para Portugal.
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