Cada vez mais escolas têm conseguido superar as expectativas de sucesso escolar para os alunos carenciados e garantir alguma equidade, ainda que a pobreza continue a influenciar o desempenho dos alunos.
As conclusões resultam de uma análise feita pela Lusa a dados divulgados pelo Ministério da Educação referentes à equidade, indicador que acompanha os alunos carenciados ao longo de cada ciclo olhando para quantos conseguiram conclui-lo no tempo esperado.
À semelhança dos anos anteriores, também no ano letivo 2021/2022 os estudantes beneficiários de Ação Social Escolar (ASE) ficaram atrás da média nacional em termos de sucesso escolar, mas a diferença não vai além dos seis pontos percentuais.
No ensino básico, mais de 90% concluíram o 1.º, 2.º e 3.º ciclos sem chumbar. Em relação à média dos alunos carenciados, os resultados são menos distantes no 2.º ciclo (a diferença é de apenas quatro pontos percentuais), seguindo-se o 1.º ciclo (cinco pontos) e 3.º ciclo (seis pontos).
O secundário volta a ser o nível mais desafiante, mas independentemente da situação financeira das famílias, os resultados foram melhores do que no ano anterior. A média nacional de conclusões no tempo esperado passou de 77% para 80% e de 72% para 76% se a análise for limitada aos estudantes carenciados.
Apesar destas disparidades, há cada vez mais escolas onde as crianças e jovens carenciados conseguiram contrariar e superar as expectativas.
Essas expectativas são representadas pela média nacional dos alunos com um perfil semelhante à entrada de cada ciclo ou, no caso do secundário, a média dos alunos que no final do 9.º ano demonstraram um nível escolar idêntico ao dos alunos da região e frequentavam escolas com uma percentagem semelhante de alunos com apoio ASE.
No 1.º ciclo, 57% das escolas registaram níveis positivos de equidade (no ano letivo anterior eram 55%) e o melhor resultado foi conseguido pelo agrupamento de escolas do Sudeste de Baião, distrito do Porto, onde todos os alunos com ASE concluíram os quatro anos sem chumbar, comparando com a média nacional de 77%.
Mantendo o mesmo registo do ano letivo 2020/2022, o 2.º ciclo é aquele com a maior percentagem de escolas com níveis positivos de equidade (60%) e é também aqui que a distância entre as melhores e piores escolas é mais curta.
A lista é encabeçada pelo agrupamento de escolas de Amareleja, Bragança, onde 96% dos alunos com ASE concluíram o 2.º ciclo no tempo esperado, face à média comparável de 77%. Com menos 51 pontos de equidade, só metade dos alunos do agrupamento Mães d’Água, na Amadora, conseguiu o mesmo feito, quando a média nacional era 83%.
Por outro lado, as divergências entre o primeiro e último lugar são maiores no ensino secundário, mas foi também no último ciclo do ensino obrigatório que se registou o mais elevado nível de equidade (29,1 pontos).
No agrupamento de escolas de Amares, em Braga, todos os alunos com ASE chegaram ao final do 12.º ano sem chumbar, acima da média comparável de 71%.
A diferença desta escola para o agrupamento das Laranjeiras, em Lisboa, foi de 67 pontos percentuais e, com uma equidade negativa de 38 pontos, só 23% dos alunos carenciados daquele agrupamento concluíram o secundário no tempo esperado.
Entre os quatro ciclos, o nível mais baixo de equidade regista-se, porém, no 3.º ciclo: entre os 20 alunos com ASE do agrupamento de escolas D. João V, na Amadora, distrito de Lisboa, só 35% concluíram no tempo esperado, menos 45 pontos percentuais face à média.
Por regiões, o Norte lidera em termos de equidade, com destaque para as escolas de Tâmega e Sousa, no 1.º ciclo, de Ave, no 2.º ciclo e do Alto Minho, no 3.º ciclo e secundário.
Por outro lado, os piores resultados registam-se, sobretudo, a sul do país: no Baixo Alentejo no 1.º ciclo, no Algarve no 3.º ciclo e secundário, e em Lisboa no 2.º ciclo.
Por municípios, apenas seis registaram níveis de equidade acima dos 20 pontos percentuais: Amares, Mesão Frio, Vendas Novas, Fafe, Estremoz e Ponte de Sor.
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