“Memória Apagada” é o nome do fado que deu origem ao primeiro videoclip lançado pelo fadista Luís Manhita, que mais do que uma história, é uma voz que carrega em si um sentimento tão nosso como o próprio fado, o amor.
Com música de Alfredo Marceneiro (fado tradicional – Fado Cravo) e com letra do Luís Manhita, “Memória Apagada” convida-nos a viver uma história como tantas outras onde o fadista partilha com grande coragem a sua alma de forma cantada em versos que de olhos fechados tão bem a reconhecemos. Se o fado tem a magia de nos fazer sentir português, este não é diferente e assume em si a audácia de nos mostrar que um sentimento tão digno como o amor é em todos os momentos e circunstâncias apenas amor.
Luís Manhita, entrega-se à sua letra e nada esconde, mesmo num mundo que acredita ainda não estar totalmente preparado para entender que o fado não tem cor, nem cheiro, não tem forma ou meio é, tal como o amor, um sentido que nos pertence a todos nós e sempre digno em todas asformas.
Este é um acto de coragem do fadista que, mesmo tendo presente que existe ainda um grande preconceito no fado em relação à orientação sexual, acredita que não pode continuar a ser apenas um grito em silêncio como tantos outros que se calam à opressão, medo e intolerância.
Um projeto fechado há mais de 10 anos na gaveta por falta de coragem vê agora a luz do dia, não apenas na voz mas em imagem, mostrando não só a alma de poeta mas a verdade das suas memórias e vivências.
Agora, a celebrar 13 anos de carreira, o fadista de 44 anos acredita que o resultado deste trabalho pode chegar a muitas pessoas, e mostrar claramente que no fado há lugar para tudo e todos, de uma forma em tudo igual, pois apenas é nada mais do que uma história de amor. “Este videoclip não é mais do que uma história de amor, só que foge ao cliché de ser um casal heterossexual apaixonado. É o amor que vivo e não poderia contar outra história. Sei que é a história de muita gente. Gostava que outras pessoas, principalmente no fado, também sentissem a liberdade de expressar o amor que vivem. Que se inspirem e que de uma vez por todas, deixemos de usar a sexualidade e o género de cada pessoa para as definir como tal ou que as olhemos apenas com o filtro da sexualidade para definir o seu valor artístico e profissional. “Fado é amor” como diz no título de um álbum de Carlos do Carmo. E o amor, é amor”, conclui Luís Manhita.
O tema “Memória Apagada” integra o álbum do fadista, gravado em Lisboa, nos estúdios da CTL – Lisbon Trend em 2018, como resultado de uma residência artística na Casa de Fados “Povo Lisboa”. Este é o 25º álbum da coletânea “Fadistas do Povo”.
Luís Manhita iniciou o seu percurso no Fado, no Algarve em 1998, nos concursos de fado amador, promovidos pelas autarquias. Após ter sido vencedor em Vila Real de Santo António em 2009, profissionalizou-se como fadista tendo-se apresentado em várias salas de espetáculos, em várias casas de fado em Lisboa, no Porto e no resto do país e estrangeiro. Em 2010 foi finalista no programa “Nasci para o Fado” de Filipe la Féria, com transmissão em direto na RTP1. Mais recentemente, em 2021, foi concorrente do programa “All Together Now”, transmitido pela TVI.
No dia 10 de Julho, concretizou um sonho, partilha a sua verdade e mostra-nos que a arte do fado é o verdadeiro sentido da alma portuguesa onde todos são iguais e semelhantes, lançando o videoclip na plataforma Youtube.
Esta é apenas a sua verdade e o seu sentido, ainda não sabendo as reações que daqui virão, o fadista diz “apenas espero que todos percebam que no fado toda a dor, todo o sentido, todo o Amor e todo o sentimento cabem”.