As obras do Centro de Meios Aéreos de Cachopo, no concelho de Tavira, devem estar concluídas até setembro e vão contribuir para a cooperação transfronteiriça na Proteção Civil com Espanha, disse esta terça-feira a ministra da Coesão territorial.
Ana Abrunhosa visitou hoje os trabalhos em curso no Centro de Meios Aéreos de Cachopo, no âmbito de uma visita a várias obras realizadas com fundos europeus em Tavira e Loulé, e disse aos jornalistas que esse investimento, orçado em 2,3 milhões de euros, é um “exemplo” de uma “excelente aplicação de fundos comunitários”.
“Temos aqui o edifício que vai servir para a Proteção Civil, para uma equipa que acompanhe aqui o combate a incêndios, um espaço para uma pista para meios aéreos, e é sobretudo, um exemplo, porque este projeto resulta da cooperação com Espanha”, afirmou a governante, após ter percorrido as obras daquele centro de meios aéreos no distrito de Faro.
A ministra destacou que se trata de “um projeto financiado com fundos europeus” da cooperação transfronteiriça, que aprofundará o trabalho conjunto entre o Algarve e a província espanhola de Huelva.
O trabalho realizado no âmbito da Proteção Civil vai envolver, para além do edifício de apoio e da pista para a aterragem de helicópteros, a partilha de boas práticas e a formação, assinalou.
“Na área da proteção civil, a cooperação com Espanha está muito avançada. Nós partilhamos uma fronteira, o fogo não conhece fronteiras, infelizmente, e por vezes o corredor de fogos vem da zona de Huelva para este território. E, portanto, há aqui um combate aos incêndios que exige cooperação também”, considerou.
Centro de meios aéreos permitirá dar uma resposta mais rápida em caso de incêndio florestal
Ana Abrunhosa lembrou que Cachopo se localiza numa zona de serra, a 40 quilómetros do litoral e da sede de concelho, sendo que o centro de meios aéreos permitirá dar uma resposta mais rápida em caso de incêndio florestal, embora inclua também as componentes da “pedagogia para a população e para os agentes do território” e da “formação para os profissionais”.
A ministra da Coesão Territorial disse ainda que outro dos objetivos é que este centro de meios aéreos possa, no futuro, passar a ser “uma infraestrutura definitiva”, em vez de estar só operacional durante o período de maior risco de incêndios.
“Em vez de os profissionais viverem em instalações provisórias, vai permitir-lhes que fiquem aqui todo o ano, isso é muito importante, uma vez que deixámos de ter um calendário previsível para incêndios e para estas ocorrências extremas”, afirmou, sublinhando que o novo equipamento permitirá ter “uma equipa permanente no território”.
Ana Abrunhosa destacou que está já “grande parte do país em risco elevado de incêndio” e o calor extremo tem vindo a aumentar os níveis de seca, para além da falta de chuva, fatores que incrementam o risco de incêndio para épocas fora do habitual período de incêndios.
“E nós sentimos que já não há um calendário que divide o período de elevado risco do período de baixo risco. Com as alterações climáticas, sentimos que isso acontece e estas infraestruturas têm de estar cá permanentemente, mesmo que estejam com mais pessoas nos períodos de maior risco”, referiu.
Centro tem como objetivo dar condições a bombeiros, pilotos e elementos da GNR
A presidente da Câmara de Tavira, Ana Paula Martins, afirmou que o centro tem como objetivo, em primeiro lugar, dar condições a bombeiros, pilotos e elementos da GNR que participam no dispositivo de combate a incêndios entre 15 de maio e 15 de outubro, garantindo todos os meios para haver uma resposta imediata.
“Por outro lado, o objetivo maior sempre era que o helicóptero ficasse em permanência para aumentarmos em muito a resposta, porque estamos a 40 quilómetros de Tavira e um carro de bombeiros para chegar cá demora uma hora e meia a duas horas, portanto ter aqui um helicóptero implica uma resposta imediata”, argumentou.
Questionada sobre os prazos para conclusão dos trabalhos, Ana Paula Martins disse que as obras têm de estar concluídas até julho, para aproveitar o financiamento de 60% dos fundos comunitários, mas a pista deve estar concluída até 30 de junho para “poder já este ano ter aqui o helicóptero” a funcionar.