O Movimento Salvar as Alagoas Brancas refere em comunicado que as “Alagoas Brancas ainda não estão salvas”. Mas, “ao dia de hoje, finalmente parece que por parte dos responsáveis políticos e das entidades responsáveis estará sendo desenvolvido um bom caminho para as Alagoas Brancas”.
No passado dia 28 de agosto o Movimento Salvar as Alagoas Brancas e várias ONG’s – GEOTA, Cidade da Participação, LPN e Almargem – reuniram-se em Lisboa com o ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro.
A reunião surgiu no seguimento de várias reuniões – ocorridas especialmente no último ano – que o movimento solicitou e obteve com entidades responsáveis competentes e com grupos partidários da região, com o objectivo de encontrar apoios, linhas de financiamento e soluções para salvar a zona húmida das Alagoas Brancas.
O movimento refere em comunicado que “na reunião o Sr.º Ministro garantiu-nos que apoiaria uma solução para as Alagoas Brancas com o dinheiro do Fundo Ambiental”.
Esta medida, que já tinha sido anteriormente abordada e solicitada pelo movimento, “é um sinal de mudança e de muita esperança para as Alagoas Brancas e, se realmente esta zona húmida de água doce vier a ser salva com o Fundo Ambiental, o Sr.º Ministro Duarte Cordeiro deverá ser congratulado”, afirma o Movimento Salvar as Alagoas Brancas.
Entretanto, no dia 17 de outubro, o Movimento Salvar as Alagoas Brancas reuniu-se pela segunda vez com o presidente da Câmara Municipal de Lagoa, Luís Encarnação, que “reafirmou as declarações prestadas na última Assembleia Municipal de Lagoa, ou seja, há uma nova opção para solucionar a questão das Alagoas Brancas”.
O movimento recorda as duas opções que estariam a ser anteriormente avaliadas: “a) Mudar o loteamento; b) Mudar a zona húmida – opção firmemente contestada e combatida por este movimento e respectivas ONG’s e associações apoiantes”.
A nova opção em cima da mesa trata-se nada mais, nada menos, que a compra do terreno das Alagoas Brancas aos promotores. Compra a ser comparticipada pelo Fundo Ambiental destacado pelo ministro do Ambiente e que está a ser negociada pelo presidente da Câmara de Lagoa.
Segundo o presidente da Câmara de Lagoa, “as negociações com o promotor e outras entidades têm corrido bem e dentro em breve poderá haver uma solução para as Alagoas Brancas”, refere o movimento cívico.
“Mais uma vez frisamos junto do Sr.º Presidente de Lagoa que o Movimento não aceita mudar ou destruir as Alagoas Brancas mas sim preservá-las, bem como a toda a sua riqueza ecológica”, pode ler-se no documento enviado às redações.
“Pelo que, o Sr.º Presidente Luís Encarnação nos garantiu que, se tudo correr bem e a nova possibilidade for conseguida com sucesso, as Alagoas Brancas serão re-naturalizadas e protegidas para as futuras gerações”, acrescenta.
No dia 18 de outubro o Movimento Salvar as Alagoas Brancas introduziu a sua segunda petição junto da Comissão de Petições da Assembleia da República.
O movimento apresentou acima de 8.000 subscrições e foram elegíveis cerca de 7.700 peticionários. A petição encontra-se desde então fechada e será dentro em breve levada a discussão no plenário da Assembleia da República.
O movimento lembra que as “Alagoas Brancas ainda não estão salvas”. Ainda “nada está escrito em pedra”.
“Daí não podermos, por enquanto, dizer que tudo está resolvido”. Podemos sim dizer que, “ao dia de hoje, finalmente parece que por parte dos responsáveis políticos e das entidades responsáveis estará sendo desenvolvido um bom caminho para as Alagoas Brancas”.
No dia 20 de outubro o Movimento Salvar as Alagoas Brancas, juntamente com a Cidade da Participação, dirigiram-se com um grupo de especialistas botânicos às Alagoas Brancas.
O grupo composto pelos especialistas Udo Schwarzer (membro do IUCN/SSC freshwater plants specialist group), Claudia Schwarzer (Arquitecta paisagista), Ute Jandt e Helge Bruelheide (Martin Luther University Halle-Wittenberg) e pelas biólogas Nadja Velez e Ana Marta Costa fez uma prospecção atenta a todo o local das Alagoas Brancas.
O movimento adianta que “a planta Damasonium bourgaei ou estrela-dos-juncais está em abundância por toda a área das Alagoas. Planta nunca antes vista por alguns dos botânicos com anos de experiência de campo”.
“A população encontrada nos primeiros registos e que constam no INaturalist foi considerada a maior a nível nacional, nesta segunda prospeção encontraram-se várias populações em várias áreas das Alagoas Brancas. Uma autêntica “Damazónia” como referiram os especialistas no entusiasmo desta recente prospecção”, relembra o movimento.
Os botânicos alemães constataram: “A estrelinha-dos-juncais é uma espécie de planta aquática rara ao nível Europeu e classificada como Em Perigo em Portugal. A planta representa um habitat de solos argilosos e inundados por prolongado tempo durante o ano. Habitats deste tipo no clima mediterrâneo são extremamente raros e merecem ser totalmente protegidos. Destruir um habitat deste era tão louco como destruir o Parque Nacional de Doñana porque este é um dos poucos outros sítios no mundo onde existe este habitat raríssimo também”.
Este tipo de habitat que aflora em grande parte das Alagoas Brancas encontra-se classificado em áreas abrangidas pela rede Natura 2000 (Plano sectorial 3130).
O Movimento Salvar as Alagoas Brancas manifesta “agradecimento público a todos os que dedicam o seu tempo e conhecimento e, com amabilidade, enaltecem ainda mais o valor desta zona húmida ímpar em plena cidade de Lagoa. Bem haja a vós por tudo, obrigado”.
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