Vinte e seis concelhos estão acima do limiar de risco de incidência da covid-19, podendo não avançar no desconfinamento caso a situação se mantenha na próxima avaliação do Governo, segundo o boletim epidemiológico hoje divulgado.
De acordo com o boletim da Direção-Geral de Saúde, estes concelhos registam um acumulado, nos últimos 14 dias, de mais de 120 casos por cada 100 mil habitantes, sete dos quais estão mesmo acima dos 240 novos casos por 100 mil habitantes.
Machico, na região Autónoma da Madeira, é o concelho do país com maior incidência registando 500 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, classificando-se num risco muito elevado, ou seja, com uma incidência entre 480 e 959,9 casos por 100 mil habitantes.
Em 11 de março, na apresentação do plano de desconfinamento, o primeiro-ministro, António Costa, avisou que as medidas da reabertura serão revistas sempre que Portugal ultrapasse os “120 novos casos por dia por 100 mil habitantes a 14 dias” ou sempre que o Rt – o número médio de casos secundários que resultam de um caso infetado pelo vírus – ultrapasse 1.
Segundo o boletim epidemiológico da DGS, o índice de transmissibilidade (Rt) do novo coronavírus em Portugal subiu hoje para 1 no continente, enquanto a incidência desceu para 60,9 casos por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias.
Em 1 de abril, o primeiro-ministro disse que existiam 19 concelhos do continente que estavam acima do limiar de risco, ou seja, acima dos 120 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias.
António Costa salientou que os especialistas ouvidos pelo Governo propuseram que, “se em duas avaliações sucessivas, os mesmos concelhos estiverem acima do limiar de risco, nesses concelhos não devem avançar as medidas de desconfinamento”.
O boletim de hoje revela que estão neste patamar acima dos 120 por 100 mil habitantes os concelhos de Alandroal (200), Albufeira (161), Lagoa (141), Machico (500), Portimão (308), Ribeira Brava (225), Ribeira de Pena (283), Rio Maior (334), Santa Cruz (183), Beja (134), Borba (134), Câmara de Lobos (154), Carregal do Sal (302), Marinha Grande (203), Moura (474). Soure (123), Cinfães (175), Figueira da Foz (121), Figueiró dos Vinhos (180), Funchal (137), Odemira (316), Penela (167), Ponta Delgada (178), Ponta do Sol (151), Vila do Bispo (213) e Vimioso (174).
Destes concelhos sete têm valores acima dos 240 casos por 100 mil habitantes.
A incidência cumulativa a 14 dias refere-se aos dias entre 17 e 30 de março, anterior à última reunião do Conselho de Ministros, na qual António Costa anunciou que Portugal podia “dar o passo de avançar” com as medidas de desconfinamento a partir de hoje.
Com zero casos nos últimos 14 dias são referidos 54 concelhos: Alfandega da Fé, Alijó, Almeida, Alvito, Gavião, Góis, Horta, Idanha-a-Nova, Lajes das Flores, Manteigas, Porto Santo, Povoação, Sabrosa, Santa Cruz da Graciosa, Santa Cruz das Flores, S.Marta de Penaguião, S.Brás de Alportel, S.João da Pesqueira, Arronches, Avis, Barrancos, Calheta (Açores), Carrazeda de Anciães, Castanheira de Pera, Marvão, Meda, Mértola, Miranda do Douro, Monforte, Mora, Murça, Nelas, S. Roque do Pico, Sousel, Tarouca, Terras de Bouro, Tondela, Constância, Corvo, Crato, Ferreira do Zêzere, Fronteira, Oleiros, Ourique, Penamacor, Penedono, Velas, Vila da Praia da Vitória, Vila do Porto, Vila Nova de Paiva, Vila Nova de Poiares, Vila Velha de Ródão e Vila Viçosa.
No último boletim com dados sobre os concelhos, em 29 de março, o país tinha 32 autarquias com uma incidência cumulativa acima de 120 novos casos por 100 mil habitantes a 14 dias.
Destes 32 concelhos, nove tinham valores acima dos 240 casos por 100 mil habitantes, destacando-se Alcoutim com 417 casos e Machico com 601 casos, este último classificando-se num risco muito elevado.
Com zero caso existiam 47 concelhos.
Na nota explicativa dos dados por concelhos é referido que a incidência cumulativa “corresponde ao quociente entre o número de novos casos confirmados nos 14 dias anteriores ao momento de análise e a população residente estimada”.
Portugal registou hoje seis mortes relacionadas com a covid-19 e 159 novos casos de infeção com o novo coronavírus, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
O boletim epidemiológico da DGS revela que estão internados 536 doentes (mais 19 do que no domingo). O número de novos internamentos tem vindo a oscilar nos últimos dias, depois de um período de alguma estabilidade no sentido decrescente.
Nos cuidados intensivos, Portugal tem hoje 112 doentes, menos cinco em relação a domingo, valor mais baixo desde 07 de outubro, dia em que estavam internadas nestas unidades 104 pessoas.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.853.908 mortos no mundo, resultantes de mais de 131,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.