Os pais de Adonis, bebé de 10 meses, que morreu no hospital de Portimão por falha na transferência para Lisboa revelam ter ficado com as suas vidas destruídas e que “alguém tem de ser responsabilizado pelo que aconteceu. O meu filho foi tratado da pior forma, sem dignidade. É a falta de responsabilidade, a falta de empatia, a falta de compaixão”, disse a mãe do menino ao The Guardian.
À mesma fonte, a mãe revela que está “determinada a fazer com que isto não seja varrido para debaixo do tapete, e estou determinada a fazer com que mais nenhum pai tenha de enfrentar esta dor. Isto destruiu-nos. Não sei como é que vamos seguir em frente. Não sei se conseguirei ir de férias novamente com as crianças. É como se o tempo nos tivesse parado. Não desejaria isto ao meu pior inimigo”.
Primeira ida ao hospital
Ao segundo dia de férias no Algarve, o casal levou o bebé ao hospital de Portimão depois de a criança ter como sintomas: febre e dificuldades em respirar. Foi indicado que o bebé teria apenas uma bronquiolite e foi mandado para casa com ibuprofen, paracetamol e uma bomba para a asma.
Adonis parecia apresentar melhoras no dia seguinte, mas passado mais um dia o estado de saúde agravou-se.
A mãe conta que “de manhã, levantei-o e estava mole. O olho esquerdo estava inchado, mas mesmo nessa manhã, comeu um iogurte e bebeu água”.
Pais regressam ao hospital
O casal regressou com o bebé ao hospital, onde foi alvo de mais testes. A mãe diz que não agiram de forma rápida, nem lhe explicaram o que estava a acontecer, “disseram que os pulmões tinham colapsado e isso foi a última coisa que soube, desde as 14:00 às 19:00. Fomos deixados num corredor. Estava a tentar perceber o que se estava a passar pelas caras das enfermeiras e estavam todas a chorar”.
O filho ficou a aguardar por um helicóptero para o transferir para o Hospital de Faro, o que demorou cerca de três horas. Os pais revelaram que foram informados por um profissional de saúde que o bebé tinha deixado de respirar, mas que “estavam a cuidar dele” e a fazer “o melhor que podiam”. “Depois, outra médica apareceu e disse: ‘Ressuscitámo-lo'”, e voltou a sair. Por isso comecei a rezar, rezar, rezar, rezar”, relatou.
Morte do bebé
A notícia da morte de Adonis foi-lhes dada pouco tempo depois. A mãe explica que “estava a gritar tanto que tive de ser sedada, e Paul foi primeiro do que eu, porque não estava pronta para o ver”.
“Para mim, o pior, e nunca o esquecerei, é a rigidez do corpo. E o peito dele estava todo queimado [pela desfribilação]. Queria sair do quarto porque não queria que Deza se apercebesse do que me apercebi, que o corpo do bebé estava a mudar à minha frente. O corpo dele estava muito frio”.
A família está a ter dificuldade no acesso a documentos legais por parte das autoridades portuguesas, segundo o The Guardian. Por isso lançaram uma campanha de angariação de fundos através da plataforma GoFundMe, para pagar um representante legal e descobrir o que realmente aconteceu.
“Estamos a ler [na imprensa] ao mesmo tempo do que toda a gente o que aconteceu ao nosso filho e é a pior coisa que poderíamos imaginar. Ninguém nos disse nada”, a mãe refere que não recebeu “um pedido de desculpas por parte de ninguém” e que “até mesmo um pedido de desculpas agora seria demasiado tarde”.