Até ao final de março, 13,5% da população entre 1 e 80 anos apresentava anticorpos contra o SARS-CoV-2 desenvolvidos por infeção natural, de acordo com os resultados preliminares da segunda fase do inquérito serológico desenvolvido pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).
O estudo foi realizado durante os meses de fevereiro e março, junto de uma amostra de 8400 pessoas, mas que incluía muito poucos vacinados. Juntando a taxa de seroprevalência por contacto direto com o coronavírus (13,5%) com a das poucas pessoas vacinadas que participaram neste estudo, a percentagem sobe para 15,5%.
Mas a questão é que a vacinação tem vindo a acelerar e neste momento mais de dois milhões de portugueses (22% da população) receberam pelo menos a primeira dose da vacina, que confere já alguma proteção. Ou seja, mais de um terço da população tem algum tipo de imunidade, pela vacina ou pelo contacto direto com o novo o SARS-CoV-2.
No inquérito realizado pelos departamentos de Epidemiologia e de Doenças Infeciosas do INSA foi possível verificar que entre o grupo de vacinados a proporção de pessoas com anticorpos específicos contra SARS-CoV-2 foi de 74,9%, valor que aumentou para 98,5% quando consideradas apenas as pessoas vacinadas com duas doses há pelo menos 7 dias, confirmando a eficácia da vacina. Os autores ressalvam, no entanto, que estes números têm de ser interpretados com reservas já que a amostra para este grupo é muito pequena.
Quanto à distribuição por idades, a prevalência de anticorpos é mais elevada na população adulta em idade ativa e mais baixa no grupo 70-79 anos. Também é possível concluir que os mais novos (abaixo dos 20 anos) têm níveis de infeção semelhantes à da população adulta.
Refira-se que no final de março, quando o trabalho de campo foi concluído, Portugal contava com cerca de 820 mil casos de infeção confirmados por teste laboratorial, ou seja pouco mais de 8% da população. Neste inquérito encontraram-se anticorpos em 13,5%.
Os dados são coerentes com um outro estudo conduzido pelo Instituto de Medicina Molecular, em colaboração com a Sociedade Francisco Manuel dos Santos e Grupo Jerónimo Martins, que encontrou anticorpos por contacto direto com o SARS-CoV-2 em 13% da população.
Nessa mesma avaliação, os investigadores verificaram que quem tinha tido resultado serológico positivo em setembro mantinha níveis de anticorpos com valores “muito semelhantes” ao fim de seis meses.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso