O testes à covid-19 deixaram de ser recomendados e as pessoas internadas podem passar a receber visitas, segundo a última atualização de normas da Direção-Geral da Saúde (DGS). Estas mudanças acontecem numa altura em que a pressão nas urgências está a aumentar, tal como as demissões dos chefes de equipa destes serviços.
Para Vasco Ricoca Peixoto, médico e investigador de Saúde Pública, na prática “não trazem grandes alterações àquilo que era o contexto prévio”.
O facto de a testagem não ser recomendada nos assintomáticos “pode agravar” o número de casos, mas na prática muitas das “pessoas sem sintomas já não estavam a fazer teste na maioria das situações”. Ou seja até pode haver muita gente doente, mas se não há testes, acaba-se por não se saber, constata Vasco Ricoca Peixoto.
Nesta fase, Portugal está a entrar numa “situação de aumento grande da gripe” e, “provavelmente”, também está a ser registada uma subida dos números da covid-19.
O médico explica que estas subidas “são muitas vezes invisíveis até atingirem um patamar de incidência muito grande”. Para além de que, face à gripe e a novas variantes da covid-19, “ninguém consegue estimar exatamente qual é o nível de transmissão”, afirma Vasco Ricoca Peixoto.
Uma solução para o aumento de casos “com custo e impacto negativo muito baixo”, segundo o médico de saúde pública, seria a “utilização de máscara nos transportes públicos”. Apesar de não defender a sua obrigatoriedade, considera que poderia contribuir para que o número de casos de gripe e covid-19 não aumentasse.
“Se houver um número muito grande de casos vamos ter sempre uma percentagem que vai às urgências, que vai ser internado e vamos ter muita gente doente ao mesmo tempo, que também tem um impacto económico e social que é importante”, acrescenta.
Perante um cenário de sobrecarga das urgência e sucessivas demissões de chefes de equipa deste serviço, Vasco Ricoca Peixoto volta a insistir que medidas como o uso de máscara nos transportes a montante poderia diminuir a pressão.
Considera que há que “garantir soluções para as pessoas” e se for preciso contratar fora do SNS “tem de ser feito”. Por mais que se queira abrir consultas de centro de saúde, os “recursos não esticam”. É “importante haver um diagnóstico da situação dos recursos”, saber-se em que direção se está a ir e o que está a acontecer.
Vasco Ricoca Peixoto defende três pontos que podem ajudar a controlar a sobrecarga nas urgências:
- Investir em literacia;
- O SNS 24 tem de ser uma ferramenta de confiança;
- Teleconsultas acessíveis com médicos.
- Pode ver o vídeo AQUI: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL