O Presidente da República anunciou esta terça-feira que quer discutir já na próxima semana a situação das escolas, com os partidos mas também com os especialistas – já na reunião do Infarmed, onde serão avaliadas as medidas de emergência atualmente em vigor. Essa reunião acontecerá apenas dois dias depois das eleições presidenciais.
Esta terça-feira, numa iniciativa de campanha, Marcelo deixou já o aviso: os números e o SNS em rutura “obrigarão a repensar as restrições”, assumiu aos jornalistas como Presidente da Republica (o duplo papel não pára), reconhecendo que “a reflexão a fazer vai-se concentrar” na decisão de fechar ou nao as escolas. “Há a perceção de que é preciso actuar depressa”, afirmou, durante uma visita à Universidade Nova em Carcavelos.
Marcelo chamou a si a iniciativa de nos últimos dias ter dado “o sinal político” de que era preciso rever as medidas da semana passada: “Foi essa a posição da Sra. ministra da Saúde, que eu apoiei com o alerta e apelo que fiz sobre o agravamento da situação. E o Governo no seu todo, logo no dia seguinte decidiu”.
O Presidente/recandidato reconheceu que “quem tem que decidir tem sempre o problema de ser preso por ter cão e por não ter”, mas reconheceu que “é preciso escolher entre a percepção da eficácia das medidas e a percepção política”. E “há alturas em que a percepção política se sobrepõe”. O que o PR espera é que na próxima semana, “se acerte a perceção”. Lembrou ainda que nas últimas reuniões no Infarmed “a opinião dos especialistas dividiu-se sobre as escolas” e que os partidos, poucas semanas antes até achavam que se devia alargar a atividade económica”. Mas agora, reconhece, a situação exige uma reavaliação.
Em abono dos que, a começar pelo Governo, têm defendido o não fecho das escolas, o PR avançou dois argumentos”” as escolas têm sido onde o controlo dos surtos tem funcionado e onde o agravamento das infeções é menor”. Por outro lado, ” é preciso ter a certeza que os jovens sem aulas não são uma maior fonte de contágio”.
Na mensagem onde dá luz verde às medidas anunciadas ontem pelo primeiro-ministro, Marcelo Rebelo de Sousa deixou, também ao início da tarde de terça-feira, um “mas” dirigido ao Executivo: a promulgação está aceite, “sendo certo que já dentro de uma semana, em sessão [pelo Presidente] sugerida, haverá nova reflexão com os especialistas acerca de outras temáticas, como as respeitantes ao ano letivo em curso”.
A mensagem do Presidente aparece apenas 20 horas depois de o primeiro-ministro ter decidido, uma vez mais, manter todas as escolas abertas, assim como abrir os ATL até aos 12 anos (ao mesmo tempo em que acabou com várias restrições que tinham sido permitidas 4 dias antes).
No fim de semana, Marcelo já tinha deixado antever que admitia o cenário de encerramento pelo menos alguns graus escolares. E na segunda-feira, após uma visita ao Hospital de Santa Maria, questionado sobre escolas respondeu:” Não posso nem devo dizer mais”.
Quanto à campanha eleitoral, que Ana Gomes admitiu cancelar, Marcelo lembrou que por ele não fazia campanha em pandemia, mas perante a perceção de isso seria tido como “arrogância ou sobranceria”, acabou por fazer uma ou duas ações por dia. Para já continua. “Em ações ligadas à Saude”.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso