O país vai continuar em Estado de Calamidade até ao próximo dia 27 e não avança para a fase seguinte do desconfinamento antes de uma nova reavaliação da situação epidemiológica. A garantia foi dada esta quarta-feira pela ministra do Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, após a reunião do Conselho de Ministros que definiu o novo mapa de risco do país.
“Estamos num momento de crescimento da pandemia e isso implica que todos temos de continuar a cumprir as medidas coletivas e individuais. Apesar do cansaço de todos, a necessidade de continuar a controlar a pandemia é evidente”, afirmou a governante em conferência de imprensa.
Admitindo que há “dificuldade em reduzir os casos em Lisboa”, Mariana Vieira da Silva, sublinhou que a situação é “preocupante” em vários concelhos da região e com uma “maior incidência nas camadas mais jovens”, mas com origem “muito diversa”. “É importante continuar a aumentar a testagem”, insistiu.
Lisboa, Braga, Odemira e Vale de Cambra são os únicos quatro concelhos que não avançam para a nova etapa de desconfinamento que começa já na próxima segunda-feira na maioria do país. Mas há 10 outros concelhos em alerta: Albufeira, Alcanena, Arruda dos Vinhos, Cascais, Loulé, Paredes, Santarém, Sertã, Sesimbra e Sintra.
Mariana Vieira da Silva relembrou as regras que entram em vigor a partir da próxima segunda-feira para a maioria do país: Lojas do Cidadão deixam de ter atendimento obrigatório por marcação, as festas familiares mantêm a redução de 50% de lotação do espaço, as atividades desportivas amadoras passam a ter público (com lugares marcados e lotação máxima de 33%) e a restauração com horários de funcionamento até à uma da manhã. Já o teletrabalho mantém-se obrigatório nos concelhos de maior risco, como Lisboa, deixando de ser obrigatório a nível nacional.
Aumento dos casos na capital leva o executivo a alterar a estratégia de testagem: passa a ser obrigatória para empresas com mais de 150 trabalhadores e em eventos desportivos, culturais ou familiares, cabendo à Direção-Geral de Saúde (DGS) dar as respetivas orientações.
Questionada sobre o plano, a governante explicou que a estratégia passa pela testagem de forma regular de forma e evitar mais surtos. “Há um conjunto diversificado de testes e grande disponibilidade de testagem. Sempre que se verifiquem ajuntamentos de dimensão significativa devemos todos por precaução ser testados à entrada para evitar novos surtos”, reforçou.
Já sobre a matriz de risco, Mariana Vieira da Silva considerou que não será necessário alterar, uma vez que o Executivo “tem tido em conta vários indicadores” para ter um cenário global. E recusou que a pressão sobre o SNS seja comparável à que se verificou em janeiro, a pior fase da pandemia. “Há sinais de um maior número de internamentos, sobretudo na região de Lisboa e Vale do Tejo, mas a situação está muitíssimo distante da situação de pressão que vivemos”, assegurou.
No Funchal, também o primeiro-ministro admitia que Lisboa não pode ser tratada de forma diferenciada e que apesar do aumento do número de casos não há razões para alarme quanto à resposta do SNS. “Obviamente temos uma matriz de risco e os passos serão dados na medida que a posição de cada concelho esteja nessa matriz de risco e isso tem de ser aplicado sem exceções. É verdade que não estamos a ter pressão hospitalar, o que indicia que os casos não estão a ser casos de grande gravidade, mas há casos, há pessoas que estão a adoecer, isso é um motivo que nos deve preocupar, sobretudo, numa doença cujo conhecimento das sequelas não existe“, declarou António Costa em declarações à RTP à chegada à Madeira, para participar nas comemorações do Dia de Portugal.
A partir da próxima semana, ficam com regras moderadas os concelhos com mais de 120 casos por 100 mil habitantes (240 nos concelhos de baixa densidade) em duas semanas consecutivas, e com maiores restrições aqueles que ultrapassam duas vezes os 240 casos por 100 mil habitantes (480 nos concelhos de baixa densidade).
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