A Escola Secundária de Albufeira vai hoje realizar testes de despiste à covid-19 a todos os seus 920 alunos, professores e funcionários, num total de 1.200 testes, disse à Lusa a diretora do agrupamento.
“Estão todos a ser testados hoje ao longo do dia e prevê-se no final do dia que toda a população escolar da escola secundária” esteja testada, adiantou Sérgia Medeiros, notando que os 1.200 testes incluem pessoal docente e não docente também dos 2.º e 3.º ciclos, já que o número de casos por 100.000 habitantes no concelho não permitiu o avanço para a terceira fase de desconfinamento.
No dia em que arrancam em todo o país as aulas presenciais nos graus de ensino secundário e superior, o sentimento de regresso à escola é “um misto de ansiedade e muita alegria”, confessou a diretora do Agrupamento de Escolas Albufeira Poente, que tem um total de oito escolas e 2.203 alunos.
Desde manhã cedo que o pavilhão desportivo da escola está a receber as pessoas que vão ser testadas, seguindo um planeamento rigoroso com o objetivo de testar quatro turmas por hora, o que corresponde a um ritmo de 120 testes por hora.
No exterior, os alunos aguardam ordeiramente a chamada para o teste, numa operação que até foi ensaiada no dia anterior, sendo depois chamados, por turma e por ordem alfabética para a credenciação e, posteriormente, encaminhados para os postos de testagem.
Bruno Lisboa, do 11.º ano de Línguas e Humanidades e um dos alunos testados hoje de manhã, admitiu à Lusa que todos estão “aliviados” por fazer o teste, agora que vão estar novamente juntos na escola, depois de três meses sem aulas presenciais.
“Acho que é importante [a testagem], embora seja difícil controlar a 100%, é importante para saber mais ou menos o estado em que estamos, agora que estamos todos juntos”, disse à Lusa o aluno de 19 anos.
Admitindo que já era grande o cansaço de ter aulas em casa, refere que o importante agora é “tentar voltar ao ritmo e não baixar as notas”, e de tomar “todo o cuidado” possível para não haver um novo regresso forçado a casa.
O pavilhão desportivo da escola que ainda no domingo tinha um “cenário” montado para a vacinação, que ali decorria desde o final de março, teve de em pouco tempo ser preparado para que a testagem arrancasse no primeiro dia de aulas, explicou a coordenadora dos assistentes operacionais da escola.
“Começou cerca das 08:00 e vai terminar cerca das 17:30”, relatou Lurdes Máximo, notando que “amanhã [terça-feira] será um pavilhão desportivo com aulas a decorrer dentro da normalidade”, já que o “cenário” de testagem será desmontado ainda ao final do dia de hoje.
Antes da próxima ronda de testes, prevista para daqui a 15 dias, o pavilhão deverá novamente acolher a vacinação contra a covid-19, “se não houver orientações em contrário”, um processo que a responsável considera como “fundamental”.
“Nós já fizemos a primeira dose da vacina da Pfizer e o sentimento, realmente, é de mais tranquilidade”, reconheceu Lurdes Máximo.
Segundo a diretora do agrupamento, quase todos os docentes e não docentes acederam a ser vacinados e os que não quiseram representam “uma percentagem diminuta”.
Susana Didelet, uma das professoras vacinadas no domingo, assumiu que este regresso está a ser mais fácil do que no ano passado, quando as aulas à distância ainda eram uma surpresa, e mostra-se confiante nos próximos dois meses para recuperar o tempo de aprendizagem em casa.
“Estou a voltar atrás na matéria, ir aos aspetos mais importantes para que não se perca ali o barco e depois vamos ter uma prova escrita, presencial, e vamos ver se aquilo que se aprendeu em casa se aprendeu mesmo”, refere a professora de Geografia.
Para a professora, os procedimentos sanitários estão todos implementados e o arranque das aulas presenciais “tem tudo para correr bem”, sendo muitas vezes os “comportamentos extra escola” que originam os contágios, o que pode acontecer mesmo sem aulas presenciais.
Para além de acompanhar o estado emocional dos alunos, devido ao confinamento, e a recuperação da aprendizagem, a escola está também atenta aos casos de necessidade de apoio social que, segundo a diretora do agrupamento, aumentaram face ao ano passado, no início da pandemia.
“Vivemos numa cidade em que o desemprego é muito elevado, por viver essencialmente da hotelaria, e verificamos que os alunos vêm para a escola – não têm escalão -, e vêm sem dinheiro, e nós temos de providenciar todas as condições aos alunos”, sublinhou Sérgia Medeiros.
Segundo a responsável, alguns alunos do 2.º e 3.º ciclos que antes tinham boas condições económicas, neste momento “não têm condições” e é a escola que lhes fornece os lanches e o almoços. “Não tem comparação possível, o impacto agora notamos que está a ser muito maior”, concluiu.