O presidente da Câmara de Aljezur pediu ao Governo para que a fórmula de contabilização de contágios por covid-19 seja revista e tenha em conta a particularidade de cada concelho.
Depois de uma reunião alargada da comissão da proteção civil de hoje à tarde, José Gonçalves afirmou à Lusa que os trabalhadores temporários “não são contabilizados” na população de cerca 5.800 habitantes do concelho, valor que serve de base para os cálculos das regras de confinamento, mas “se ficarem infetados passam a ser incluídos”.
“É preciso alterar isto. É uma injustiça. A situação dos contágios não ser equacionada assim”, defendeu.
Em Aljezur são necessárias “14 pessoas infetadas” para que o concelho atinja o patamar dos 240 casos por cada 100 mil habitantes em 14 dias, valor a partir do qual há uma maior restrição no desconfinamento.
No boletim divulgado na última sexta-feira, o concelho de Aljezur registava 501 casos por 100 mil habitantes em 14 dias, referente ao período entre 07 e 20 de abril.
Em 11 de março, na apresentação do plano de desconfinamento, o primeiro-ministro, António Costa, avisou que as medidas da reabertura serão revistas sempre que Portugal ultrapasse os “120 novos casos por dia por 100 mil habitantes a 14 dias” ou sempre que o Rt – o número médio de casos secundários que resultam de um caso infetado pelo vírus – ultrapasse 1.
Uma das preocupações do autarca centra-se “no que acontecerá depois da avaliação do Conselho de Ministros da próxima quinta feita”, já que “com estes dados Aljezur estará sujeito a ter de não desconfinar e até recuar em algumas medidas”, alertou.
“Qual o tipo de confinamento que vamos ter? Vamos ver o que o Ministério e as autoridades de saúde têm a dizer. Temos tentado sensibilizar quem de direito para estas realidades que são muito próprias”, afirmou.
O autarca adiantou que na reunião de hoje foi apontada a necessidade de “haver recursos” para que as “cerca de 90 pessoas” infetadas possam ficar confinadas “em condições e acompanhadas” para que os surtos sejam contidos.
A continuação da “testagem”, do apoio às famílias confinadas nas suas “necessidades alimentares e bens essenciais” e a intensificação da vacinação no concelho para “criar mais proteção e imunidade à população” são outros dos pontos apontados.
José Gonçalves realçou também a necessidade de implementar outras ações para garantir que as empresas de agricultura e de trabalho temporário estão a “cumprir as suas obrigações, nomeadamente na testagem dos seus trabalhadores”.
A maior parte dos trabalhadores agrícolas infetados operam em “duas ou três empresas”, mas há alguns que são temporários, trabalhando “hoje aqui, mas amanhã podem estar no Algarve ou no Alto Alentejo”, concluiu.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.109.991 mortos no mundo, resultantes de mais de 147 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.965 pessoas dos 834.638 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.